Imagem obtida através da Google. Com a indicação de «esgotado», aqui. |
Desde meados de Março, a escola básica e secundária funcionou nas condições que conhecemos, com (muito) mais deficiências (ainda) do que anteriormente. A escola não presencial, de professores e alunos, simplesmente, não é escola nenhuma, o que não impede, naturalmente, formas eficazes de aprendizagem à distância, em certos casos, cumpridos que sejam os requisitos necessários: espaços adequados nas habitações, dispositivos tecnológicos capazes, bom ambiente afectivo nas famílias, competência digital de professores e alunos, pelo menos. Essas condições, sabemo-lo bem demais, não contemplam um enorme conjunto de alunos e a totalidade dos docentes. Por tais razões, improvisou-se o que se pôde, com boa vontade e generosidade, mas longe da eficácia que todos desejariam.
Terminadas as aulas e feita a avaliação interna das escolas, os resultados afixados aparentemente não traduzem descidas apreciáveis, quem sabe se porque automaticamente se consideraram as dificuldades sentidas como estímulo para «compensar» as classificações. Nessa medida, será curioso apurar se os resultados quantitativos, em si mesmos, não serão mesmo superiores aos dos anos imediatamente anteriores. Note-se que não se faz aqui qualquer defesa da penalização dos alunos. O que se quer realçar é a justeza da medida com que se avaliam as aprendizagens e, concretamente, escrutinar se, quando, com toda a probabilidade, se aprendeu menos e pior, as «notas» obtidas foram, afinal, «melhores». Tem interesse este aspecto porque faz luz sobre o papel da escola e o modo como ela mesma avalia esse papel, do ponto de vista daqueles que lhe exigem a obrigação estrita de fazer com que os alunos aprendam. Claro que há outras visões da escola. Legítimas, aliás. Porém, se os alunos não souberem nem forem capacitados, a escola, verdadeiramente, engana-os e trai a nobreza dos seus objectivos.
Os exames, bem feitos, obedecendo a programas também eles bem feitos, em respeito pelo trabalho dos alunos e dos professores, deviam ser algo de desejável, como medida externa imparcial das «aprendizagens essenciais». Em algumas disciplinas, como biologia e geologia, os questionários do iave (na sequência dos do gave) têm sido pouco perfeitos e não coerentes entre si ao longo dos anos, no grau de dificuldade e nos consequentes resultados. Este é um problema que não tem sido considerado e, por isso, continua por resolver.
No final deste ano lectivo, foi importante (a meu ver) termos regressado às aulas presenciais em disciplinas «nucleares», como se fez, na tentativa de conseguir alguma «normalidade» e como ensaio para o ano lectivo próximo. Mas os exames deviam ter sido suspensos. Far-se-iam quando fosse oportuno. E dispensar-se-iam definitivamente, nos casos em que as universidades se disponibilizassem para seleccionar os seus alunos, como deveria ser.
Nesta altura, improvisa-se o lançamento do novo ano lectivo com base na ideia clássica: exija-se aos professores e eles que se desembaracem.
O que eles, mais ou menos exaustos e envelhecidos, farão com diligência, embaraçando-se progressivamente nos desenrascanços do costume, com os resultados que mascararemos de algum modo, como também é habitual.
E temos ainda a vantagem de sabermos já quem são os culpados do que vai correr mal.
José Batista d’Ascenção
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