domingo, 14 de setembro de 2025

Os professores são velhos a partir de que idade?

Entre os professores (do ensino básico e secundário) quase não há jovens. Falta na classe docente a energia e a disponibilidade da gente nova e sobra o cansaço e a falta de optimismo de professores curvados ao peso de certo marasmo e decepção, mais do que à usura do tempo/idade. Estes, os mais velhos, são (somos) quase todos. Estão (estamos) entre os cinquenta e cinco e os sessenta e cinco anos e muitos deles (de nós) têm aspecto de (ainda) mais velhos. Mas não estão (estamos) irremediavelmente gastos. Prova-o o rejuvenescimento “automático” de quantos aguentam o suficiente para “saltarem” para a aposentação antes de atingirem o ponto de não retorno da ruína física e/ou psicológica. E são muitos, felizmente.

O “convite” a que permaneçam no activo para além da idade da reforma convence percentualmente poucos, e esses poucos talvez não se mantenham na profissão ou regressem a ela propriamente por se deixarem convencer…

A carência de professores vocacionados, motivados e bem preparados devia dar que pensar. A profissão, que é em si muito bela e nobre, não o é na prática. E pagamo-lo caro. Demasiado caro. Quanto, não me perguntem.

Eu estou relativamente perto do fim do percurso. Agradeço aos muito bons professores que tive o privilégio de ter e aos bons colegas com quem trabalhei e trabalho. E felicito os que no presente estão merecidamente na profissão.

Inspirado nuns e apoiado noutros tentarei levar a bom termo mais um ano lectivo.

Os alunos merecem-no.

José Batista d’Ascenção

terça-feira, 9 de setembro de 2025

De novo na grelha de partida

Primeira metade de Setembro e as sensações tradicionais de ansiedade e expectativa. Depois da acalmia socioprofissional dos docentes, no ano lectivo passado, as bases e o trabalho concreto nas escolas pouco se alteraram.

Há alunos sem algumas aulas, o que não atesta bom trabalho governamental nas décadas recentes, o sucesso dos alunos é em grande parte fictício, a inflação de notas parece não ter antídoto, a prática obscena de copiar alastra como se fosse um direito (facto ignorado por muitos e desvalorizado por não poucos pais…), o barulho nos corredores e nas aulas é um obstáculo à aprendizagem, o uso indevido dos telemóveis é difícil de conter, etc. Tudo isto e não só limita a eficácia da escola, enquanto factor imprescindível de preparação e formação, que começa logo na bizarria de cada disciplina não ter um programa bem definido, e de termos de nos amanhar com umas «aprendizagens essenciais» vagas e artificialmente interligadas…

A burocracia infernal, que os professores, com algum “stress”, agravam (acrescida, por esta altura, das bolandas da «cidadania», que redundará, provavelmente, em águas de bacalhau), enforma o ramalhete do desconsolo.

Porém, há alunos que querem aprender e que os pais prepa(ra)ram para frequentar utilmente a escola. E todos os outros têm o mesmo direito. Aqueles são uma lição e um bálsamo e um estímulo. Por eles e com eles, é nossa obrigação conquistar os demais ou, pelo menos, tentá-lo por todos os meios.

Partamos.

José Batista d’Ascenção