quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Sobre a educação, a encerrar 1º período lectivo, por Santana Castilho

É de ontem (no jornal Público), mas eu não sabia resumir melhor:

[…] «Se olharmos para a evolução dos resultados do PISA até 2015, vemos Portugal sempre a crescer. Faz pois todo o sentido analisar o que nos aconteceu a partir desse ano para que se tivesse invertido tão drasticamente esse ciclo positivo. Nesse ano, João Costa assumiu funções de secretário de Estado e os resultados não mais pararam de descer, como consequência das suas políticas bizantinas de destruição da escola pública: esvaziamento curricular, com programas revogados e substituídos por indigentes aprendizagens essenciais; nefastas políticas de flexibilidade curricular e pseudo-inclusão; abolição de avaliações rigorosas, internas e externas, e sucesso imposto, com passagens de ano praticamente obrigatórias; numa palavra, toda uma ideologia de cordel, de que os delírios Ubuntu, MAIA e quejandos são exemplos caricatos.

[…] Os oito anos do ministério de João Costa foram […] oito anos a promover devaneios, indecifráveis pelo senso comum, de mirabolantes inovações educacionais.

Seria importante que na campanha política para a eleição de 10 de Março todos os partidos dissessem que valores estão preparados para defender, antes de a escola pública perder definitivamente o seu ancestral significado.»

Boas Festas.

José Batista d’Ascenção

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

A esquizofrenia abúlica das escolas, a impotência dos professores e o (des)equilíbrio dos alunos

No início da semana, a meio de uma aula prática caiu-me o queixo. A dada altura, uma aluna que elogiara pela colaboração prestada, trazendo musgos para estudo do respectivo ciclo de vida, fez questão de referir, em voz alta, que ela, como outros alunos, só consegue aguentar-se à custa de medicação.

- Como? - perguntei - Toma calmantes!?

- Calmantes e antidepressivos. - Respondeu ela.

- E há mais alunos nessas condições? - Insisti.

- Eu conheço vários. - Foi a resposta.

Ainda quis explicar que isso não pode acontecer, que as escolas, realmente, não são exemplarmente reconfortantes, mas o discurso saiu-me frouxo e entaramelado, pela surpresa e pela despreparação. Mas ainda acrescentei: - que os professores, pelo menos os da minha idade, recorram enormemente à ajuda de psiquiatras, eu percebo bem; que os pais dos alunos, em média mais novos, sofram do mesmo mal, também entendo; e que os próprios psiquiatras, em certos casos, precisem da terapia de colegas, também é facto conhecido que eu aceito; mas que alunos tão jovens, e entre esses os que estudam muito e - talvez pelo que subjaz à condição - sofram de depressão quimicamente medicada, posso entender, mas não aceito.

Ah, teorias! Teorias! O que estamos nós a fazer?

Que pedagogia e cidadania são as nossas?

Aos meus e a todos os alunos empenhados desejo, sobretudo, ânimo e forças para atirarem quantas pedradas puderam ao charco em que estamos atolados. Neles deposito esperança.

Bom descanso.

Natal Feliz.

José Batista d’Ascenção

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Em educação o mal é que todos sabem(os) pouco

Não me refiro aos conteúdos a leccionar. Quase quarenta anos de profissão - a mais bela das profissões - e não encontrei a chave para ensinar bem todos os que foram ou são meus alunos. Ou para fazer com que todos conseguissem aprender. Julgo que fui e sou bom professor com os bons alunos (o que não é difícil), mas nunca consegui nem consigo ser bom com os alunos com muitas dificuldades. Assumo-o humildemente.

A formação pedagógica que recebi, toda ela, a formalmente obrigatória e aquela que interessadamente procurei (e paguei, nalguns casos) foi como que «ao lado». Na sua maior parte não (me) ajudou nada. Por isso, nesta matéria, estou hoje como quando (me) iniciei na profissão.

A escola actual falha: não ensinamos bem as crianças (ou não conseguimos que aprendam o desejável, o que dá no mesmo) e, nessa medida, não as educamos convenientemente.

Não aceito as desculpas que se focam no aproveitamento dos bons alunos, que os há, mas em número bastante minoritário, nem, muito menos, me conformo com a empáfia que exalta a «geração mais bem preparada de sempre». Preparada para quê?

A dura realidade é que não fazemos ideia dos mecanismos neurofisiológicos subjacentes à (auto)aprendizagem. Vamos tacteando. Convinha que assumíssemos isto, com clareza.

Não há especialistas em educação - como podia, se é matéria tão vasta e intrincada? Não obstante, em todos os tempos existiram e existem excelentes pedagogos (as duas categorias não se confundem, mesmo em teoria). É este o meu entendimento.

Os bons pedagogos, habitualmente, percebem a enormidade da tarefa e reconhecem as insuficiências no seu desempenho. Por isso, dificilmente podem julgar-se sem «mácula».

Seja como for, o caminho obriga-nos a «caminhá-lo». Resta que, no meio das dificuldades, há também motivos belos e compensadores.

Se não fora isso…

 José Batista d’Ascenção

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Alunos portugueses pioram a Matemática e a Leitura no PISA de 2022

«Os quase sete mil alunos de 224 escolas portuguesas que realizaram as provas de 2022 obtiveram piores resultados do que os seus colegas em 2018, colocando Portugal entre os países que mais baixaram de pontuação a Matemática, refere o relatório da OCDE hoje divulgado.

Os alunos portugueses de 15 anos pioraram os seus desempenhos nos testes internacionais de Matemática e Leitura do PISA de 2022, invertendo a tendência de melhoria que se vinha registando na última década.

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) voltou a analisar os conhecimentos a Matemática, Leitura e Ciência de alunos de todo o mundo – em 2022 participaram cerca de 690 mil alunos de 81 países e economias – e o retrato do desempenho dos estudantes releva “uma quebra sem precedentes”, em que Portugal não foi exceção.»

Fonte: https://onovo.sapo.pt/noticias/alunos-portugueses-pioram-a-matematica-e-a-leitura-no-pisa-de-2022/?utm_source=SAPO_HP&utm_medium=web&utm_campaign=destaques

Não espanta.

José Batista d'Ascenção