quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

A esquizofrenia abúlica das escolas, a impotência dos professores e o (des)equilíbrio dos alunos

No início da semana, a meio de uma aula prática caiu-me o queixo. A dada altura, uma aluna que elogiara pela colaboração prestada, trazendo musgos para estudo do respectivo ciclo de vida, fez questão de referir, em voz alta, que ela, como outros alunos, só consegue aguentar-se à custa de medicação.

- Como? - perguntei - Toma calmantes!?

- Calmantes e antidepressivos. - Respondeu ela.

- E há mais alunos nessas condições? - Insisti.

- Eu conheço vários. - Foi a resposta.

Ainda quis explicar que isso não pode acontecer, que as escolas, realmente, não são exemplarmente reconfortantes, mas o discurso saiu-me frouxo e entaramelado, pela surpresa e pela despreparação. Mas ainda acrescentei: - que os professores, pelo menos os da minha idade, recorram enormemente à ajuda de psiquiatras, eu percebo bem; que os pais dos alunos, em média mais novos, sofram do mesmo mal, também entendo; e que os próprios psiquiatras, em certos casos, precisem da terapia de colegas, também é facto conhecido que eu aceito; mas que alunos tão jovens, e entre esses os que estudam muito e - talvez pelo que subjaz à condição - sofram de depressão quimicamente medicada, posso entender, mas não aceito.

Ah, teorias! Teorias! O que estamos nós a fazer?

Que pedagogia e cidadania são as nossas?

Aos meus e a todos os alunos empenhados desejo, sobretudo, ânimo e forças para atirarem quantas pedradas puderam ao charco em que estamos atolados. Neles deposito esperança.

Bom descanso.

Natal Feliz.

José Batista d’Ascenção

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