Não me refiro aos conteúdos a leccionar. Quase quarenta anos de profissão - a mais bela das profissões - e não encontrei a chave para ensinar bem todos os que foram ou são meus alunos. Ou para fazer com que todos conseguissem aprender. Julgo que fui e sou bom professor com os bons alunos (o que não é difícil), mas nunca consegui nem consigo ser bom com os alunos com muitas dificuldades. Assumo-o humildemente.
A formação pedagógica que recebi, toda ela, a formalmente obrigatória e aquela que interessadamente procurei (e paguei, nalguns casos) foi como que «ao lado». Na sua maior parte não (me) ajudou nada. Por isso, nesta matéria, estou hoje como quando (me) iniciei na profissão.
A escola actual falha: não ensinamos bem as crianças (ou não conseguimos que aprendam o desejável, o que dá no mesmo) e, nessa medida, não as educamos convenientemente.
Não aceito as desculpas que se focam no aproveitamento dos bons alunos, que os há, mas em número bastante minoritário, nem, muito menos, me conformo com a empáfia que exalta a «geração mais bem preparada de sempre». Preparada para quê?
A dura realidade é que não fazemos ideia dos mecanismos neurofisiológicos subjacentes à (auto)aprendizagem. Vamos tacteando. Convinha que assumíssemos isto, com clareza.
Não há especialistas em educação - como podia, se é matéria tão vasta e intrincada? Não obstante, em todos os tempos existiram e existem excelentes pedagogos (as duas categorias não se confundem, mesmo em teoria). É este o meu entendimento.
Os bons pedagogos, habitualmente, percebem a enormidade da tarefa e reconhecem as insuficiências no seu desempenho. Por isso, dificilmente podem julgar-se sem «mácula».
Seja como for, o caminho obriga-nos a «caminhá-lo». Resta que, no meio das dificuldades, há também motivos belos e compensadores.
Se não fora isso…
José Batista d’Ascenção
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