terça-feira, 23 de julho de 2019

Algo sobre a prova de exame de biologia e geologia da 2ª fase

Por razões profissionais e pessoais, só há momentos acabei de resolver, sozinho e sem consulta, a prova da 2ª fase de biologia e geologia.

Eis as minhas impressões sumárias:

Prova globalmente exigente, requerendo conhecimento sólido, (grande) serenidade, atenção, concentração e capacidade de raciocínio e de relacionação. Matérias (interessantes) da actualidade, mas que não são abordadas nas aulas, porque não constam dos conteúdos explicitados nas rubricas programáticas.
Dúvidas sobre se a questão 5 do grupo II não foge à recomendação das matérias a estudar para a prova, uma vez que não está na «intersecção» dos conteúdos dos programas em vigor com a última versão das aprendizagens essenciais (talvez esteja com a versão «documento de trabalho», publicada antes da definitiva…).
Há respostas «abertas» em que eu aceitaria outras alternativas para um dos elementos pedidos (por exemplo na questão 7 do grupo II e na questão 10 do grupo III). Não sei se os critérios definitivos (por agora só temos os critérios «versão de trabalho») contemplarão essas possibilidades.
Esta prova é difícil para a generalidade dos alunos do ensino secundário, nas condições em que os professores os podem ensinar.
Oxalá os resultados contrariem os meus receios.

José Batista d’Ascenção

domingo, 21 de julho de 2019

E se os professores passassem a usar bengala e chanatos rasos?

Fonte da imagem: aqui.
Desde sempre, tenho uma ideia positiva do conceito de velho aplicado às pessoas. Assim me educaram, assim o sinto, como, de resto, escrevi há tempos. Não ignoro porém a erosão das capacidades que a passagem do tempo acarreta, sobretudo nos que chegam à quarta idade…
Acontece que o modo como se olha para o outro é muito variável em função de factores psico-sócio-culturais, também eles mutáveis com os tempos e com a idade de cada um. Vem isto a propósito da média de idade dos professores em Portugal. Mais do que uma vez, tive oportunidade de ouvir jovens alunos entre os 14-16 anos referir-se a professores de que esqueceram ou nunca souberam os nomes, tentando identificá-los por descrição física. Mesmo tratando-se de colegas que eu julgaria (ainda) «jovens», na casa dos quarenta e tantos anos, na imagem que os alunos têm deles são, caracteristicamente, «velhos». Parece-me normal que seja assim.
Já me parece indesejável que, crescentemente, as crianças e jovens tenham como professores, apenas e só pessoas que eles vêem como velhos, associando-os a decrepitude e falta de actualização, senão mesmo incapacidade. Que, na docência, a experiência é um factor de valia inestimável, mas a energia, a ausência de dor, a boa visão e a boa audição são indispensáveis, sob pena de limitação ou impedimento das tarefas docentes, particularmente a leccionação. Idealmente, o corpo docente devia ser formado por pessoas de todas as idades, combinando o dinamismo, a disponibilidade e o entusiasmo dos mais novos com a experiência e a ponderação dos mais antigos. Não é o que se passa, hoje, nas nossas escolas. Com agravamento progressivo nos próximos anos. Até quando, não o sabemos, mas é possível antecipar algumas consequências não facilmente mensuráveis, como o prejuízo para as aprendizagens e o acentuar da degradação da já não propriamente boa imagem da «escola pública».
Da parte dos professores, e falando por experiência própria, confirmo os estragos da marcha do tempo. Serei/sou velho no sentido depreciativo com que me olham como velho. Mas não sinto vergonha, nem revolta, nem tristeza, pelo facto. Enquanto profissional, vejo à volta muitas pessoas (não todas) com marcas acentuadas da mesma natureza e pelas mesmas razões. Curiosamente, algumas delas parecem-me mais belas do que sempre foram, porque mais serenas, mais doces e mais sábias. Como fui perdendo a timidez com a idade, digo-lhes isso mesmo, não raro, quando as encontro casualmente ou estou com elas, com franqueza sincera, grata e reconfortante.
Como recebo invariavelmente sinais de agradabilidade, insisto neste meu compensador procedimento. E resolvo a dúvida que já me tem surgido: será que são sorrisos de cumplicidade ou condescendência com os meus sinais de velhice? Se forem, que sejam. Melhor assim.

José Batista d’Ascenção

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Sucesso escolar por decreto, mediante (e sob pena de) burocracia (infernizante)

Na escola pública em Portugal não passa governo que não implemente, como agora se diz, inovação atrás de inovação, a pretexto do que é necessário melhorar, mas frequentemente com resultados que ou não são avaliados ou, quando visivelmente pouco abonatórios, são varridos para debaixo do tapete, sem responsabilizar quem impôs a sua execução, por vezes de modo autista ao longo de muitos anos.
Vai daí, decretam-se novas inovações, não raro com as mesmas ideias sob outras roupagens.
Vem isto a propósito do diploma legal que pretende promover «o sucesso educativo e, por essa via, a igualdade de oportunidades». O que devia estar bem. Até porque, «os dados disponíveis mostram (…) que nem todos os alunos veem garantido o direito à aprendizagem e ao sucesso educativo». Além do mais, tem «a escola de «preparar os alunos, que serão jovens e adultos em 2030, para empregos ainda não criados, para tecnologias ainda não inventadas, para a resolução de problemas que ainda se desconhecem», dispõe judiciosamente a mesma lei.
Há ingénuos (como eu) que pensam que a melhor forma de preparar o futuro é as crianças e jovens aprenderem quem somos, adquirirem conhecimento filosófico e científico consolidado e serem capazes de se exprimir e de (se) questionar correctamente. Para além disso, são imprescindíveis princípios e valores éticos, os quais, mais que instilados por via discursiva (olhai para o que digo…) são interiorizados pelo exemplo, pela responsabilização e, preferencialmente, pela assunção espontânea de responsabilidade (não olheis para o que faço…). Doutra forma não preparamos ninguém para os problemas a enfrentar, conhecidos ou desconhecidos, antes acrescentamos mais problemas - previsíveis e imprevisíveis - à partida e para o futuro.
Os curricula do ensino básico e secundário visam «garantir que todos os alunos (…) alcançam as competências definidas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória». E mais diz a dita lei que o «acesso ao currículo por todos os alunos» (…) assenta «no reconhecimento de que todos têm capacidade de aprendizagem e de desenvolvimento em todas as áreas de estudo».
Todos, em todas as áreas de estudo? Sim. É o que diz a lei. Já a realidade, o que nos diz, o que (nos) mostra?
Momentos antes de rascunhar este texto passei por uma rua da cidade onde vivo e vi um vulto humano rodeado de uma mala e uns sacos, deitado no chão, sob um cobertor. Não estipula a (nossa) lei fundamental (ponto 1 do artigo 65 da Constituição da República Portuguesa) que todos têm direito a uma habitação condigna?
Maldita realidade, às vezes.
Que ganhamos em negá-la, na letra da lei?

José Batista d’Ascenção

domingo, 14 de julho de 2019

Achincalhamento dos professores


[Imagem colhida do portal «sapo»]
O aviltamento dos professores continua. Do governo à comunicação social, até a que se julga (ela mesma) de referência, passando pelas redes sociais, «todos» pisam quanto podem.
Por mim só não compreendo o que se ganha (ou o que quer que alguém ganhe) com isso.

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José Batista d'Ascenção