sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Sobre o último exame de biologia e geologia do ensino secundário

Opinião transmitida ao IAVE, na altura da “correcção”. O mesmo tipo de apreciação foi feita sobre o exame da 1ª fase, mas o inquérito foi submetido sem ter sido guardada cópia, razão por que não está disponível.

Análise global da prova - A prova está bem elaborada, tal como a da 1ª fase, por respeitar o âmbito dos programas, diferentemente do que tem acontecido em anos anteriores (ver opiniões emitidas aqui e aqui), e por ter um discurso claro, objetivo e bem articulado. Não obstante há pormenores que podiam estar melhor, compensando alunos e estimulando professores, sem diminuição do grau de exigência e de rigor.

Pergunta 7 do grupo II - Em vez de “tonicidade” devia ter sido usada a expressão “pressão osmótica” ou (mesmo) “concentração de solutos”, tendo em atenção a diversidade de conteúdos que é preciso abordar ao longo de dois anos, em âmbitos tão diferentes como o da biologia e o da geologia e cada uma destas áreas envolver conteúdos muito diversos, pelo que há poucas aulas para abordar e aprofundar cada assunto, o qual deve ser aferido no fundamental e não a partir de pormenores. Fosse assim, e em vez de tantos alunos falharem a resposta muitos a acertariam em proporções inversas ao que aconteceu.

Pergunta 3 do grupo IV - Uma questão formulada nestes termos, não obstante a facilidade da resposta, pode fomentar a ideia de que quando as células eucarióticas têm parede (caso das células vegetais ou dos fungos), o antibiótico referido poderia atuar contra elas, na suposição errada de que são semelhantes (quando na realidade são diferentes quer na composição química quer na estrutura). As minhas reservas resultam do facto de ver, em manuais aprovados pelo Ministério da Educação, listas descritivas de organelos celulares em que a parede celular está definida como “parede rígida que envolve as células vegetais e bacterianas, conferindo-lhes protecção e suporte”, apenas assim, como se se tratasse da mesma coisa…

Sobre a supervisão do processo de classificação e o funcionamento da plataforma
O número de classificadores agregado a um(a) supervisor(a) é excessivo (esse número estaria bem entre 15 e 20), o que transforma as tentativas de discussão numa baralhada…
Na plataforma deve ser desconectado o envio do que é registado para o “mail” de cada classificador (ou, no mínimo, torná-lo facultativo e dependente de activação do professor classificador). A “tempestade” de “mails” recebidos cria um efeito de desânimo e aversão horríveis. A discussão far-se-ia entre os classificadores apenas na plataforma, com os supervisores a só permitirem o debate de cada questão/resposta(s) no fórum respectivo.

Número de provas a atribuir a cada classificador
A cada professor classificador não deviam ser atribuídas mais que 50 provas no conjunto da 1ª e da 2ª fases. Durante muitos anos, quando havia mais alunos e este trabalho era pago à parte, nunca corrigi mais que esse número, nem mesmo quando me ofereciam essa possibilidade. Dar menos provas a cada professor classificador talvez reduzisse os erros de classificação e os gastos com apreciações de recurso. Qualquer ideia de que o que se chamou formação de classificadores do então “gave” contribuiu para fazer professores classificadores especialistas faz tábua rasa do facto de aquela (suposta) formação não ter servido para nada de útil (que se visse). O que é preciso é que as questões de exame estejam bem feitas e se situem no âmbito dos programas, os quais, embora discutíveis, são os que temos. E então, todos os professores que os leccionam estão em condições de classificar as respectivas provas de exame. Nem há razão para sobrecarregar uns professores e excluir os restantes de uma tarefa que muitos gostariam também de poder executar.

José Batista d’Ascenção

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