quarta-feira, 3 de agosto de 2022

O IAVE tem sempre razão

Exame de biologia e geologia, 2ª fase, questão I.20. Nela se pede justificação para a vantagem de um antibiótico relativamente a outro no tratamento do «embranquecimento» de corais. A resposta pretendida deve ater-se aos resultados de uma experiência ilustrada numa figura com imagens esquemáticas e num gráfico. Acontece que esses resultados não permitem qualquer conclusão que não seja hipotética e especulativa. E é em termos de mera possibilidade que os critérios estipulam o elemento conclusivo da resposta - aquele elemento, que, a meu ver, poderia ser outro, como alguns alunos apontam, só que não é aceite.

Custa-me que se arquitectem perguntas assim. A leccionação dificilmente capacita alunos para o artificialismo exigido em certas respostas. E não é o trabalho, nem a necessidade de alterar o período de férias já definido, que é o mais difícil para um professor que também foi classificador na 1ª fase. O que penaliza mesmo os que, como eu, defendem os exames nacionais - o panorama avaliativo nas disciplinas em que eles não existem é triste e grave - é que as provas sejam concebidas deste modo.

A um aluno que, perante tal pergunta, respondesse liminarmente que não há elementos que permitam inferir sobre qualquer vantagem ou desvantagem face aos resultados, apetecia-me atribuir-lhe a classificação máxima. Mas não posso. O IAVE tem sempre razão. Mesmo quando não tem.

José Batista d’Ascenção

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