Os meus alunos deste ano, todos novos para mim, causaram-me boa impressão. Corrigidas as fichas de avaliação diagnóstica, foi sem surpresa que constatei o carácter pouco efectivo do que realmente convinha estar aprendido ou a inconsistência do que muitos, apesar de tudo, retiveram. Quem manda na “educação” ignora (ou despreza) estes factos, mas a realidade é a que é, independente das esponjas que lhe passem por cima ou do “verniz” que lhe apliquem. Não digo isto por acaso: o ano passado voltei a leccionar a alunos do ensino básico e foi um choque terrível: onde todos (os elementos do conselho de turma) viram excelência, eu confirmei os meus receios, os quais, naturalmente não pressupõem qualquer falta de capacidade dos meninos, antes derivam da ficção que ilude o facto de quase não se ensinar nada a muitos alunos, independentemente de se “conseguir taxas de sucesso” que enganam sobretudo os filhos dos mais pobres. Por essa razão e por nunca ter esquecido as minhas (próprias) origens não alinho, nem de longe, na ideia de que a “educação” em Portugal é um “rolls-royce”.
Voltando aos meus alunos deste ano, para já, vi humildade e disponibilidade, o que, se não for meio caminho andado, é um bom início para o caminho a percorrer.
Não quero génios, que nunca encontrei nos muitos anos que levo de professor, e tive, obviamente, excelentes alunos, mas fico satisfeito com meninas e meninos que não trazem o rei na barriga e estão dispostos para trabalhar.
A felicidade deles será a minha. E todos os meus esforços serão poucos para os ajudar, como sinceramente desejo.
José Batista d’Ascenção