Braga, 26 de Abril de 2023, quarta-feira, 08.45 horas.
Chego de carro para apresentar-me numa unidade de saúde. Vejo como que um pelotão de jovens em exercício de «ordem unida» das paradas militares. Marcham, param, fazem gestos e emitem palavras ou sons que a minha deficiente audição não permite compreender, e que me parecem mais ou menos simiescos. Ao lado, um magote de outros jovens com os seus trajes negros universitários parece comandar e vigiar.
Penso nos meus alunos de décimo segundo ano que, daqui a uns meses, vão ingressar nas universidades e hão-de, possivelmente, ocupar tempos de manhãs primaveris de dias úteis, em acções parecidas, nos mesmos preparos.
E penso no que pensarão estes jovens, os que executam estas coreografias pindéricas e ridículas e os que os “comandam”.
E penso no estado do meu país e na impreparação (de grande parte) da juventude (incluindo a que frequenta universidades…). E no rotundo falhanço da escola, do que se chama «educação», da minha actividade profissional (de docência do ensino secundário) e de quem a define e supervisiona. E também penso no princípio de tudo, que é a educação familiar, que vem do berço, e é dada por pais que já foram formados neste caldo de cultura. E, naturalmente, penso no que o futuro nos reserva. E o futuro é já hoje. E amanhã.
Escrevinhei isto, fui ao meu destino, e quando saí, passava das 10.00 horas: os jovens lá continuavam, afincadamente.
Eles preparam-se para quê?
José Batista d’Ascenção