quinta-feira, 31 de agosto de 2023

O retorno de Setembro


O sétimo mês do calendário romano (imagem adaptada)

Nascido no interior da zona do pinhal, o mês de Setembro sempre significou para mim um tempo de serenidade, de temperatura amena e de afastamento do calor tórrido propiciador do inferno tenebroso dos incêndios.

O tempo das vindimas, em que participei anos sucessivos na adolescência e juventude, associa-se-me na memória a ternura e harmonia suave, favoráveis à contemplação introspectiva.

O regresso à escola, como aluno, primeiro, e como professor, depois, tirando um ou outro ano menos entusiasmante, nunca foi um problema para mim e, no fundo, era coisa que desejava. Com uma excepção, que era quando, como docente, tinha que me apresentar numa nova escola. Então sim, sofria a sério por antecipação, num martírio que sempre derivou mais de mim do que da realidade a enfrentar.

Agora, sentado numa esplanada, no café «Os Coelhos», depois de servido pelo sempre simpático Sr. Miguel, dou comigo imerso em pensamentos que tais, conjecturando não sobre o Verão que caminha para o fim, mas antes sobre os alunos novos que vou ter e as minhas capacidades para os cativar. Não é fácil: porque eu fico (e sinto-me) cada vez mais velho e cheio de passado que não coincide com as vivências, o sentir e o pensar dos jovens de hoje. Não é um divórcio. É uma desconformidade de tempos, de modos, de perspectivas e de procedimentos que obstaculizam a transposição das dificuldades.

Como é diferente a prática pedagógica das “teorias” que a preconizam.

À entrega, corpo e espírito meus.

José Batista d’Ascenção

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

«Rankings» de universidades - pequeninos mas contentinhos? (*)


O jornal «PÚBLICO» fez notícia com título de primeira página do ganho de posições das universidades portuguesas entre as 500 melhores no «prestigiado ranking internacional» de Xangai, tendo Coimbra entrado «no lote restrito onde há outras quatro universidades portuguesas»: as de Lisboa e do Porto algures entre as posições 201-300, e as de Aveiro, de Coimbra e do Minho entre as posições 401-500. Já a Nova de Lisboa é remetida para as posições 601-700.

Segundo a notícia, esta é a «mais antiga lista global que classifica as 1000 melhores universidades do mundo».

Mentalmente, ocorreu-me um paralelo com os famigerados «rankings» das escolas básicas e secundárias do país publicados todos os anos na comunicação social. Mantendo as posições relativas, creio que qualquer delas se orgulharia pouco do posicionamento conseguido…

O que pensarão as nossas universidades, mesmo as mais bem colocadas, sobre este indicador?

Há cerca de 40 anos, o Professor Joaquim Montezuma de Carvalho, em conversa restrita, referia que a «carruagem» da produção de conhecimento das universidades portuguesas seguia muito atrasada em relação às melhores do mundo e não via como é que podia deixar de continuar a perder distância no futuro (então) próximo… Aparentemente, tinha razão.

(*) Texto publicado no jornal «PÚBLICO» de hoje.

José Batista d’ Ascenção