Nascido no interior da zona do pinhal, o mês de Setembro sempre significou para mim um tempo de serenidade, de temperatura amena e de afastamento do calor tórrido propiciador do inferno tenebroso dos incêndios.
O tempo das vindimas, em que participei anos sucessivos na adolescência e juventude, associa-se-me na memória a ternura e harmonia suave, favoráveis à contemplação introspectiva.
O regresso à escola, como aluno, primeiro, e como professor, depois, tirando um ou outro ano menos entusiasmante, nunca foi um problema para mim e, no fundo, era coisa que desejava. Com uma excepção, que era quando, como docente, tinha que me apresentar numa nova escola. Então sim, sofria a sério por antecipação, num martírio que sempre derivou mais de mim do que da realidade a enfrentar.
Agora, sentado numa esplanada, no café «Os Coelhos», depois de servido pelo sempre simpático Sr. Miguel, dou comigo imerso em pensamentos que tais, conjecturando não sobre o Verão que caminha para o fim, mas antes sobre os alunos novos que vou ter e as minhas capacidades para os cativar. Não é fácil: porque eu fico (e sinto-me) cada vez mais velho e cheio de passado que não coincide com as vivências, o sentir e o pensar dos jovens de hoje. Não é um divórcio. É uma desconformidade de tempos, de modos, de perspectivas e de procedimentos que obstaculizam a transposição das dificuldades.
Como é diferente a prática pedagógica das “teorias” que a preconizam.
À entrega, corpo e espírito meus.
José Batista d’Ascenção
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