Em minha opinião, a cidadania, como a educação, em geral, é mais algo que se pratica e de que se dá o exemplo, diariamente, do que matéria para ensinar em (doses de) aulas específicas. A introdução de uma disciplina de cidadania nos currículos escolares logo redundou em descrédito e tem dado azo a disputas políticas que não apoiam nem prestigiam as instituições escolares.
Para os alunos, as aulas de cidadania são tempos de aborrecimento e para os professores são igualmente pouco estimulantes porque não conseguem que as matérias e a acção que desenvolvem sejam levadas a sério. Por outro lado, como a escola tem de ser legal e formalmente uma «escola de sucesso», menos se admite que o aproveitamento em aulas a que não se dá importância possa ser avaliado negativamente, donde, há meninos que, não se comportando nelas de modo propriamente exemplar, têm tão boas classificações como os outros, o que só aumenta o descrédito.
Esta é a realidade que temos, sedimentada no tempo e na experiência. Convinha que atentássemos nela e fôssemos capazes de ser consequentes.
Os professores fazem educação e cidadania quando são educados, ensinam bem, com a cabeça e com o peito, cumprem as normas de cidadania e exigem conhecimentos e comportamentos em conformidade, apoiados na lei, no funcionamento das hierarquias e - muito importante - na vontade expressa da generalidade dos encarregados de educação.
Então, toda a acção escolar será de verdadeira cidadania.
José Batista d’Ascenção