Cada vez mais lento, vou fazendo as aulas com o (pouco) fulgor que consigo. Há dias, alguém me perguntou como é que ando, ao que respondi que agora não ando, arrasto-me.
Deve ser o peso da idade, mas não apenas.
Os meus alunos de décimo ano são umas jóias, tirando poucas excepções, que não sabe a gente o que lhes faça. Eu (até) sabia, mas só o digo aos alunos em causa, na presença dos restantes, sem grande efeito, e a pessoas mais próximas. A outros ou a outras instâncias, não vale a pena.
Os de décimo segundo estão a escassos meses de ingressarem no ensino superior. A vários destes, ao longo do ano, procurei morigerar a ideia de perfeição que atribuíam ao seu trabalho e alertá-los para os trambolhões da vida, que magoam, às vezes profundamente, mas nos dão oportunidade de, humildemente, aprendermos a sério e de exercitarmos, pelos outros e por nós, os deveres de compaixão e de cumprimento honesto das obrigações. Fi-lo com ênfase desde Setembro e notei efeito franco na maior parte, no terceiro período. De caminho deixei claro que não me revejo em muitos aspectos da (falta de) pedagogia formal das últimas décadas.
Naturalmente, desejo a todos os que são ou foram meus alunos as maiores felicidades, do fundo do coração.
Pelo meu lado, está quase a cumprir-se mais um ano de trabalho a somar(-se) a muitos.
Lá esforçar, esforcei-me.
José Batista d’Ascenção