Excerto de artigo de Pacheco Pereira, no jornal «Público» de hoje, página 10 da versão impressa:
…« esta deterioração da língua vem de cima para baixo, vem de quem tem poder no topo para terminar nesta cloaca de ressentimento e raiva [que são as redes sociais]. O Acordo Ortográfico de 1990 — a que, felizmente, quem gosta da sua língua e do seu país resiste —, para além de um desastre diplomático, uma nulidade em termos de “unificação” do português — posso, por exemplo, num processador de texto, escolher a opção “português de Angola” —, traduziu-se num abastardamento da língua. Esse abastardamento foi retirar-lhe a memória, eliminando os traços da sua origem no latim. Como disse também Pessoa: “A ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.”»
José Batista d’Ascenção
