No
jornal “Público” de hoje, página 45, Santana Castilho expende algumas ideias
sobre a política educativa do actual governo, por contraste com o desempenho
ministerial de Nuno Crato. Há aspectos fundamentais com que concordo, e que exponho de seguida.
A
referência a um governo que tem […] “prudente respeito pelos contratos firmados com os chineses da EDP mas
oportuno desprezo pelos contratos firmados com os professores portugueses.”
A
afirmação de que o secretário de estado João Costa é um «arauto-mor do “eduquês” recuperado […] que está destruindo […]
o que, apesar de tantas vicissitudes e sacrifícios, os professores sérios e
maduros conseguiram acrescentar aos resultados do sistema de ensino.»
Para
Santana Castilho, «a questão é termos passado
de uma pedagogia ferozmente utilitarista [de Nuno Crato], que encarava a Educação como mercadoria
ao serviço da economia de mercado, […] para uma pedagogia do paraíso, assente na retórica provinciana do
“aluno do século XXI”, do “trabalho de projecto”, da “flexibilidade
pedagógica”, do “trabalho em rede” e dos “nados digitais”, sem considerar o
estádio intermédio que resulta da arbitragem prudente entre o valor intrínseco
do conhecimento e a especulação pedagógica.» [desta última parte discordo:
ao «estado intermédio», seja lá o que for, prefiro o «valor intrínseco do conhecimento»].
Mas
concordo inteiramente com Santana Castilho quando afirma que […] «o ascensor social, que a escola pode ser, pára uma vez mais», explicitando que o governo de Costa «reserva
“as aprendizagens essenciais”, que ninguém sabe o que são nem como se definem,
para os que já chegam à escola oprimidos pela sorte madrasta de terem nascido
em meios desfavorecidos» e que, «definitivamente, só há um caminho, […]
encontrar um currículo e programas correspondentes equilibrados e
adequados à maturidade e desenvolvimento dos alunos e acompanhá-los, sem
diminuições de exigência e rigor, com reforço de meios e recursos logo que evidenciem
as primeiras dificuldades.» Afirmando também, e muito bem, que «a inovação pedagógica do aprender menos não remove o
insucesso. Mascara-o. Os experimentalismos que partem do abaixamento da fasquia
não puxam pelos que ficam para trás. Afundam-nos.»
E
termina com a nota: «É importante que
cada professor saiba bem de que lado quer estar nesta dialéctica», com que
concordo particularmente: fora assim e outro galo cantaria.
José Batista d'Ascenção
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