Ensinar com maus programas é difícil, mas sem eles não é mais fácil.
Por despacho (n.º 6605-A/2021, de 06 de Julho) os programas que havia das diferentes disciplinas deixaram de vigorar. As orientações programáticas relativas aos conteúdos de cada disciplina restringem-se agora às “aprendizagens essenciais» que incidiam sobre os programas revogados. Na disciplina de biologia e geologia do ensino secundário limitam-se a escassas 11 páginas, em cada ano (incluindo a introdução de 2 páginas em cada), cujo conteúdo é, em grande parte, banal e genérico.
Como planificar e orientar o ensino assim? Não é difícil que as escolas passem a divergir grandemente nas planificações e nas estratégias lectivas. E, nos casos de disciplinas com exame nacional, mais ainda do que já acontece, os professores vão, provavelmente, orientar-se mais pelo que supõem que possa sair em exame do que pelas parcas e vagas linhas programáticas, o que é uma inversão do que seria desejável. Ou seja: o IAVE passa a ser a entidade “definidora” (mesmo que involuntariamente) e condicionadora da actividade lectiva.
Era (d)isto que precisávamos?
Sempre fui defensor dos exames nacionais. Mas não assim.
PS: Este texto está hoje publicado no jornal «Público».
José Batisa d’Ascenção
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