O jornal «Público» noticiava ontem (pg. 15 da versão impressa) que os resultados escolares melhoraram nos últimos dois anos. O “sucesso” «bateu recordes». Nada que (me) espante. As razões do facto são (bem) apontadas por Paulo Guinote, professor do 2º ciclo do ensino básico, e (mal) pelo presidente da Associação Nacional de Directores de Escolas Públicas (Filinto Lima), que recusa a ideia de facilitismo (que ideia!) e (menos mal) pelo director da Escola Secundária de Camões (João Jaime), em Lisboa.
A meu ver falta o factor principal, que é… a (nossa) falta de rigor.
Quem (como eu) participa nos conselhos de turma (reuniões de avaliação) assiste ao característico apelo ao “bom senso” e à insistência (“pedagógica”) em que se tenha em conta a situação vivida pelos alunos, motivo por que que a avaliação não deve “prejudicá-los”. Enfim, um certo discurso de comiseração (para mim uma ladainha) que deixa de lado a devida objectividade, porquanto:
- os professores ensinaram pior (pelo menos eu);
- os alunos aprenderam menos;
- os dados da avaliação à distância não são fidedignos, como todos sabem, embora haja quem prefira negá-lo;
- os exames do ano passado (os que houve) foram chocantemente facilitistas [na realidade mal feitos, o que não significa que os dos anos anteriores, pelo menos os de biologia e geologia, fossem bem elaborados e conformes com os programas (eles próprios muito discutíveis…)].
As “notas”, portanto, só podiam subir.
Ironicamente, podíamos (até) dizer que, se a pandemia continuar, resolve(re)mos o problema do insucesso. À nossa maneira, claro.
José Batista d’Ascenção.
PS: Este texto está publicado no jornal «Público» de hoje.
Sem comentários:
Enviar um comentário