sexta-feira, 2 de julho de 2021

Sucesso escolar em tempos de pandemia – a principal razão

 

O jornal «Público» noticiava ontem (pg. 15 da versão impressa) que os resultados escolares melhoraram nos últimos dois anos. O “sucesso” «bateu recordes». Nada que (me) espante. As razões do facto são (bem) apontadas por Paulo Guinote, professor do 2º ciclo do ensino básico, e (mal) pelo presidente da Associação Nacional de Directores de Escolas Públicas (Filinto Lima), que recusa a ideia de facilitismo (que ideia!) e (menos mal) pelo director da Escola Secundária de Camões (João Jaime), em Lisboa.

A meu ver falta o factor principal, que é… a (nossa) falta de rigor.

Quem (como eu) participa nos conselhos de turma (reuniões de avaliação) assiste ao característico apelo ao “bom senso” e à insistência (“pedagógica”) em que se tenha em conta a situação vivida pelos alunos, motivo por que que a avaliação não deve “prejudicá-los”. Enfim, um certo discurso de comiseração (para mim uma ladainha) que deixa de lado a devida objectividade, porquanto:

- os professores ensinaram pior (pelo menos eu);

- os alunos aprenderam menos;

- os dados da avaliação à distância não são fidedignos, como todos sabem, embora haja quem prefira negá-lo;

- os exames do ano passado (os que houve) foram chocantemente facilitistas [na realidade mal feitos, o que não significa que os dos anos anteriores, pelo menos os de biologia e geologia, fossem bem elaborados e conformes com os programas (eles próprios muito discutíveis…)].

As “notas”, portanto, só podiam subir.

Ironicamente, podíamos (até) dizer que, se a pandemia continuar, resolve(re)mos o problema do insucesso. À nossa maneira, claro.

José Batista d’Ascenção.

PS: Este texto está publicado no jornal «Público» de hoje.

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