Menos produtivas do que deviam, pelas razões conhecidas, as aulas chegaram ao fim ou estão prestes a terminar. Exceptuando os alunos que vão fazer (alguns) exames, para a maior parte (e mesmo para esses) aproxima-se um longo período de férias. São as férias grandes, que muitas opiniões consideram demasiado grandes. E são. Mas, alargar o calendário de aulas, face às nossas condições climatéricas e ao modo como nos organizamos, não seria muito avisado.
Para os jovens e para as famílias é um problema. Minorá-lo devia fazer parte das preocupações do Ministério da Educação. Como o ensino público não sabe bem o que quer (a despeito da formulação de boas intenções e da enunciação nítida de princípios básicos que consta de alguns documentos legais), muito por causa do vasto entulho “filosófico-discursivo” de leigos e especialistas, seria ideal que, gozando de verdadeira autonomia, cada escola e cada comunidade educativa pudessem aclarar (em linguagem simples, exacta e sucinta) as suas metodologias preferenciais e preferidas, de modo a facultar a encarregados de educação e a alunos do ensino secundário as opções pretendidas entre escolas e currículos. A amálgama em que funcionamos tem o efeito prático de uma roleta (não isenta de vício) que frustra muitos e dá prazer a (relativamente) poucos (normalmente os que podem). Ou seja: a escola frequentemente desagrada e repele, em vez de atrair.
Por outro lado, os estabelecimentos de ensino, mais do que matraquear burocracia, deviam disponibilizar os seus espaços e instalações nos períodos não lectivos para diversas actividades ou projectos não dependentes dos docentes, como os dos Centros Ciência Viva e de outras organizações (culturais, desportivas, de lazer, de saúde, de ecologia, de solidariedade…) capazes de ocuparem as crianças e os jovens em experiências estimulantes e formativas.
Esperar que os professores, enquanto professores, substituam os pais (que muitos deles também são) é que não é possível. Nem desejável.
José Batista d’Ascenção
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