terça-feira, 15 de junho de 2021

Acerca da duração do ano lectivo em Portugal

Existe no nosso país a ideia de que são poucos os dias de aulas de cada ano lectivo (e de que os professores trabalham, vulgarmente, pouco). Não é por acaso. Se é razoável e justo é outra matéria.

O número de aulas por dia e por semana, visto na perspectiva dos alunos não parece pouco nem pequeno. Na minha também não. E é de todo improdutivo que crianças e jovens entrem às 08.20 h da manhã e acabem às 13.20 h. Ou que iniciem uma tarde de aulas às 13.30 h e a terminem às 18.30 h. Fora os dias em que têm aulas de manhã e de tarde. Creio que em poucas profissões de adultos (legalmente reguladas) se trabalha(rá) num tal regime, no país.

Carga horária total em horas da escolaridade obrigatória. (*)
Como obter rendimento, então?

Um dos motivos (reais) por que se quer alargar o calendário de aulas prende-se com a necessidade que os pais sentem de que alguém se ocupe dos seus filhos. É compreensível. Mas, exigir dos professores aquilo para que eles não servem e não reclamar a disponibilidade das instalações escolares para o que muito bem poderiam servir, para além das aulas, é uma pena: porque perdem todos.

Habitualmente, recorre-se à comparação com o que se passa noutros países situados (mais) a Norte… Contudo, não se atenta em que, quando a temperatura se eleva a 35ºC ou mais, não é simplesmente possível que 28 alunos e o professor encafuados numa sala de aulas, que computador e projector ligados aquecem ainda mais, realizem qualquer trabalho útil. E, nas escolas que têm algum sistema de ar forçado, se o mesmo fosse ligado, não havia capacidade financeira para pagar a conta de energia no final do mês, descontando eventuais crises de alergias e outros problemas respiratórios em não poucos casos…

Impressiona, por isso, que não se tomem em conta “pormaiores” tão básicos quando se reclama o que parece linear, mas que é inviável. E que seria facilmente resolvível com outra organização e outros objectivos.

Tanto mais que o trabalho voluntário dignifica qualquer um.

José Batista d’Ascenção

(*) Inhttps://www.ffms.pt/FileDownload/34bcf694-4883-41ee-ad4b-6a77786c0c29/os-tempos-na-escola (pg. 25/75 ou 29 na numeração do documento)

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