Vai tumultuosa a vida escolar, por oposição à paz podre dos últimos doze anos. O panelão levantou fervura e o testo saltou, com prejuízo para os alunos, perturbação e angústia dos pais e (acréscimo de) sofrimento para os professores. Nada que fosse imprevisível.
No meio da tormenta têm sido salientados problemas relacionados com a progressão na carreira, a precariedade, os concursos, a não contagem do tempo integral de serviço, o drama da “casa às costas”, a mobilidade por doença, todos motivos de razão. A mesma ênfase merece a vida penosa intra-escolas a que estão sujeitos os professores que dão aulas, como seja a inconcebível definição da componente lectiva, que contraria as reduções com a idade que a lei (faz de conta que) estipula efectivamente [de modo que um professor chamado a substituir outro numa aula da componente lectiva deste, vê esse tempo lectivo transmutar-se legalmente num tempo não lectivo para si. Como se não bastasse, o professor substituto pode ser remetido para a condição de guardador de alunos, chegando a indicar-se-lhe o espaço do recreio para deles tomar conta, sejam meninos do básico ou jovens do 12º ano], ou como sejam os conceitos extraordinários de inclusão, de educação especial, de flexibilidade, de supervisão, de sucesso pleno, ou de avaliação (de que é exemplo o fantástico projeto MAIA, como referi aqui), conceitos que implicam procedimentos burocráticos infernais que hão-de traduzir-se em estatísticas (de trazer por casa) que reflictam os “planos de melhoria”, que se exigem as vezes necessárias até chegar aos resultados de “sucesso” convenientes para publicar e comunicar à OCDE.
Por tudo isto, a escola pública faliu. Os políticos e os “teóricos” adstritos ou instalados no edifício formal da educação conseguiram o objectivo de destruir os professores, arruinando-a completamente. Perdem os alunos e perde o país. Mas as perdas não são universais, como bem sabemos.
Por isso, sem quaisquer ilusões, esta quinta, 19, faço greve.
José Batista d’Ascenção
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