Em teste que apliquei em 02 de Junho numa das minhas turmas (10º ano) verifiquei a ocorrência de fraude, em escala, digamos, entre um turno e o seguinte de aulas desdobradas, como nunca me tinha acontecido. Devolvi as provas aos meninos sem apor qualquer classificação e pedi-lhes que esclarecessem os pais sobre o ocorrido, porquanto eram conhecedores dos detalhes que a mim, falho de vocação de polícia/detective, me escapavam. Quanto à avaliação aplicar-se-ia o previsto nos critérios em vigor para casos que tais.
Vários pais (mães, concretamente) entraram em polvorosa. Sugeri à directora de turma que os deixasse ferver à vontade. Pela minha parte, não ia entrar, nem entrei, em nenhum pingue-pongue via correio electrónico ou outro sobre o assunto. Nem queria ficar a par da chuva de comunicações que podia cair-lhe em cima, como caiu, sem deixar de apoiá-la quanto pudesse. Assim mesmo ainda fiquei a saber que uma mãe lhe enviou uma comunicação lapidar: «o culpado é o professor. Deveria ter feito teste diferentes, como é óbvio os alunos falam entre eles.» Em lugar de «falam», devia ter escrito «copiam», não por uma questão de descaramento, mas de objectividade. Outra mãe, proveniente do Brasil (lá como cá e vice-versa), ameaçava: «espero que a média dela [a sua educanda] não fique abaixo à do período passado, pois se assim acontecer, irei fazer uma reclamação às autoridades competentes»…
Até ao conselho de turma de avaliação nem os encarregados de educação nem os alunos se debruçaram sobre a batota em si, com excepção de uma menina que, na última aula, se lhe referiu levemente como «acontecimento lamentável».
Assim vão as coisas. Os meninos que iniciam o ensino secundário na escola pública, grosso modo, não vêm bem preparados (muitos, nem minimamente…) nem conseguem estar adequadamente no que deviam ser aulas. Dizem(-nos) que tem que se usar pedagogias activas, tomando-se por actividade qualquer balbúrdia na sala de aulas. Ensinar e aprender passou de moda. E copiar já não é uma fraude, é mais uma espécie de “direito”.
Militantemente, caminhamos para aonde?
José Batista d’Ascenção
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