quinta-feira, 18 de julho de 2024

Escola ideal

seria aquela em que coubesse qualquer criança, que fosse estimulada a aprender, a saber e a prosseguir quanto pudesse, obtendo o melhor das suas características e capacidades, em observância de deveres procedimentais claros e formativamente bem definidos.

A investigação psicopedagógica em tempos de paz, após a 2ª guerra mundial, parecia encaminhar-se para grandes ganhos na aprendizagem, alargada a universos cada vez mais vastos e tendentes a erradicar o analfabetismo. Do mesmo modo, as normas de cidadania, em regime democrático, perspectivavam-se em expansão universal, pela bondade intrínseca e pela vontade das pessoas bem formadas, supostamente a maioria. O avanço da ciência, incluindo o conhecimento do cérebro humano, e o desenvolvimento extraordinário da tecnologia digital haviam de trazer resultados auspiciosos, revogando as pedagogias obsoletas dos séculos XIX e anteriores.

Não foi assim. A natureza humana e a psicofisiologia neuronal são incomensuravelmente complexas. A nobreza dos valores e comportamentos não é cumulativa através das gerações, nem anula instintos básicos. Estes morigeram-se na sequência de vivências históricas traumáticas como as guerras, mas recrudescem quando essas memórias se tornam longínquas ou remotas e são normalizadas no imaginário de crianças e adultos pelas vias sócio-comunicacionais, a que se somam jogos virtuais estimuladores de fundos psicológicos violentos.

Pelo meio, a escola perdeu-se. A educação democrática universal, onde se aplicou, falhou. As democracias perdem terreno. As ditaduras retornam com vigor inaudito. Os meios de terror vão das armas à informação (verdadeira, falsa ou nem uma coisa nem outra…) e aumentam vertiginosamente.

Tacteamos.

Muita humildade e muito trabalho e determinação, precisam-se.

José Batista d’Ascenção

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