quinta-feira, 4 de julho de 2024

Para aonde vais, «escola pública»?


Terminou no início da semana a classificação dos exames nacionais de biologia e geologia. Das provas que me couberam 60% têm negativa, tendencialmente muito baixa. Tomara que fosse outro o panorama a nível nacional, mas tenho receio. A prova não era perfeita, nem os critérios nem as respectivas especificações. Mas o mal não vem da prova, nem dos exames em geral. Se se pretende que os meninos tenham competências, então têm que ser competentes em qualquer exame bem feito, de qualquer disciplina.

Também não alinho no refrão que aponta a pandemia como causa principal. A situação da escola e da aprendizagem degrada-se devido a factores múltiplos que transformaram a sala de aula numa amálgama quase sem hierarquia, onde os meninos estão permanentemente ligados à rede, presos a solicitações diversas, raramente coincidentes com os assuntos (que deviam ser os) das lições. A realidade é esta, queiramos ou não.

Aprende-se pouco, em consequência. Como há uma luta feroz pelas «notas», os meninos pressionam os professores. Os seus pais fazem o mesmo, através dos directores de turma ou das direcções, pessoalmente ou enviando «e-mails», nem sempre com cortesia. Também podem queixar-se a instâncias hierárquicas exteriores à escola, até de forma anónima. Ou apresentar recursos para revisão das classificações, que podem resumir-se ao desejo de ter melhores médias ou invocar a facilidade de entrar nalgum curso. Por vezes, o recurso confirma a «ameaça» previamente dirigida a algum professor…

De tudo isto resulta um clima de pouca humildade, serenidade e persistência, coroado com pautas carregadas de notas altas, particularmente em disciplinas não sujeitas a exame.

Depois, no ensino superior, muitos estudantes precisam de apoio psicológico. Porque será?

Quem pára a bola de neve?

José Batista d’Ascenção

Sem comentários:

Enviar um comentário