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Linus Pauling e Emile Zuckerkandl, 1986. |
Em meados da década de 1960, Linus Pauling e Emile Zuckerkandl inventaram um novo método de análise de evolução biológica: As proteínas, como o DNA que as codifica, servem de cartão de identidade de cada organismo. Comparando a sequência de nucleótidos, no DNA, ou dos aminoácidos, nas proteínas, de (macro)moléculas próximas, na estrutura e na função, em diferentes seres vivos, poder-se-ia encontrar a genealogia das espécies.
Zuckerkandl e Pauling compararam a hemoglobina de grande número de animais. Se as hemoglobinas de duas espécies diferissem num único aminoácido nas suas sequências, esses organismos teriam divergido mais tardiamente do que aqueles que apresentassem hemoglobinas com diferenças em 2, 3 ou mais aminoácidos.
Poder-se-ia assim reconstituir a árvore genealógica dos seres vivos: se as mutações que alteram pontualmente um aminoácido numa proteína, provocadas pelas radiações contínuas sobre o planeta, fossem aleatórias e se, por essa razão, afectassem as biomoléculas em intervalos mais ou menos regulares, as espécies próximas na evolução, provenientes de ancestrais comuns, teriam moléculas com sequências e estruturas pouco diferentes.
Na Ordem dos Primatas, o aparecimento do macaco rhesus pode ter ocorrido há 24-31 milhões de anos (Ma), o do gorila há 15-19 Ma, o do chimpanzé há 7-10 Ma e o do género Homo (a que pertence a espécie Homo sapiens) há menos de 2,5 Ma.
Não obstante, não cedamos demasiado à ilusão positivista da absoluta validade desta reconstituição.
O tempo não corre segundo um ritmo universal e imutável: o velho relógio molecular é 5 a 10 vezes mais rápido nos roedores do que nos macacos (ditos) superiores. Vá-se lá saber porquê!
José Batista d’Ascenção
(*) Texto baseado na releitura do livro «A palavra das coisas» de Pierre Laszlo. Gradiva. 1ª edição, Lisboa, I995. (p. 252-254)
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