No jornal “Público” de ontem (pg. 54), o Professor Jorge Buescu recorre a dados do ministério da
educação para pôr em evidência o que têm sido os «progressos
extraordinários e consistentes alcançados
no ensino da Matemática ao longo dos
últimos 15 anos» no ensino básico (ao nível dos 4º, 5º e 6º anos) no nosso país, traduzida nos resultados obtidos quer nos exames nacionais quer nos testes internacionais do PISA e do TIMSS. Os dados a que recorre são muito claros e impressivos e rebatem o experimentalismo inconsistente e incoerente da acção dos governos e das suas políticas de educação, baseadas em “teorias” que assentam fundamentalmente em preconceitos e se traduzem no desfavorecimento dos (mais) pobres, os quais, para ascenderem na escala social, precisam, mais do que os outros, de uma escola que os prepare realmente, em vez de os enganar. São suas estas sábias palavras:
«Para muitas das crianças que vivem em zonas economicamente deprimidas e vindas de famílias carenciadas, a única forma de escapar ao círculo vicioso da pobreza é através da escola. Só estudando conseguirão superar o handicap social que trazem. Só com boas qualificações conseguirão um emprego diferenciado. Só com formação exigente conseguirão um nível de vida superior àquele de que partiram.
A única forma de termos uma escola que promova a igualdade e seja motor de ascensão dos menos favorecidos é fazendo dela uma escola competente e exigente, que dê muito mas também exija muito. É um erro achar que nivelar a escola por baixo promove a igualdade, porque todos atingem o mesmo nível. Pelo contrário: perpetua a desigualdade, porque os mais desfavorecidos terão muito mais dificuldades em o transcender.»
Aqui estava alguém que eu veria com bons olhos a desempenhar as funções de ministro da educação, que, em minha opinião, em muitos anos, não tem havido, com excepção do saudoso Mariano Gago e de Nuno Crato (sim, de algumas das ideias e ações de Nuno Crato, que não as de favorecer o ensino privado à custa do ensino e do erário públicos).
Felicito-o e agradeço-lhe.
José Batista d’Ascenção
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