terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Quanto pode o entusiasmo

Hoje foi um dia diferente na minha escola e nas que com ela formam o que chamam um mega-agrupamento. Vieram visitar-nos meninos de outras escolas, do nosso e de outros agrupamentos. E foi bom e interessante recebê-los e aos professores que os acompanharam.
Nos diferentes espaços com múltiplas actividades estavam os nossos alunos mais velhinhos, muito satisfeitos e sorridentes e disponíveis. Por perto, um ou outro professor da casa para transmitir confiança e resolver alguma dificuldade. Foi um gosto apreciar os alunos e os professores visitantes, muito interessados e curiosos no que havia para observar e experimentar e ver os jovens anfitriões aplicados na sua função, desempenhando-a com brio e eficácia.
Já ao fim da manhã, numa das salas, a professora que trazia uma das turmas dos mais pequeninos puxava um deles pelo braço porque, ao que dizia, já havia passado a hora marcada. E ele, retesando-se no sentido oposto, terminante, de olhar brilhante e afirmação clara: - ainda me falta ver uma coisa. Sorriu a mestra e acedeu. Logo o petiz correu para a bancada para realizar o que entendia que lhe faltava.
Deliciado, observei (julgo que) com discrição. Mas logo (por azar) havia de surgir-me certo pensamento menos gratificante: O que acontece anos depois a muitos destes meninos, para se desgostarem ou detestarem a escola? O que fazemos nós (pais, professores, formadores deles, estruturas hierárquicas ministeriais e outros…) que torna o ensino tão pouco estimulante e ineficaz para tantos alunos?
Uma certeza tenho: a «matéria-prima», particularmente nos seus estádios mais precoces, não está «adulterada». E nas etapas posteriores também não. Os jovens colaboradores de hoje, que assumiram o papel de professores, provam-no.
Daí que volte sempre a interrogação: - O que fizemos da escola? Uma pergunta que me persegue. Mesmo em dia de satisfação.
Deixo este pequenino apontamento. Por motivo específico, voltarei ao tema.
Um obrigado e parabéns a todos. 

José Batista d’Ascenção

PS: As fotos são o que são: a responsabilidade cabe inteira ao fotógrafo, que não o é.

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