terça-feira, 9 de abril de 2019

Bizantinices que (pre)ocupam (e pós-ocupam) professores e escolas

Decorrem os conselhos de turma de avaliação nas escolas, neste final do 2º período do ano lectivo. Idealmente, os professores deviam concentrar-se sobre a análise do rendimento dos alunos, o trabalho deles e o seu próprio trabalho, assim como sobre o que pode e deve ser feito nas poucas semanas que restam, no 3º período, para optimizar os resultados dos que conseguiram «boas notas» e recuperar os casos de dificuldade. Idealmente. E as papeladas não falam de outra coisa. Só que, pelo meio, surgem as sexualidades, a cidadania (que é preciso programar, calendarizar e exibir, não necessariamente praticar), as inclusões e outras questões, servidas por uma burocracia tão abstrusa quando o artificialismo com que é preenchida. Mais do que fazer um trabalho sereno, ponderado e, nessa medida, gratificante (o que não significa fácil), o que há para despachar é um conjunto de tarefas ingratas (se não horrorosas), de validade duvidosa e de resultados que só não são decepcionantes porque ninguém espera que resultem (descontada a sua artificialidade, claro).
Clarificando: se há alunos que se empenharam (sim, há alunos muito empenhados, eu privilegiado me confesso, porque tenho alunos desses), que, para além da aplicação nas aulas e no estudo, participaram em diversas actividades, como as olimpíadas da biologia e da matemática, campeonatos regionais de xadrez, comemoração do «dia da escola» e até, num dia em que a senhora funcionária [há muito tempo dizíamos «contínua», mais recentemente chamava-se «auxiliar de acção educativa» e agora diz-se «assistente operacional», designações diferentes para as mesmas funções, sempre remuneradas ao nível do salário mínimo] estava combalida, com dores de coluna, limparam (por ela) a sala de aula, por que cargas de água é preciso arranjar (outras) «evidências» que comprovem a sua proficiência em matéria de cidadania?
Como queremos que a escola seja levada a sério?
Entretanto, deseja-se um bom interregno, especialmente para os alunos merecedores. E os restantes, que a escola não ajuda, iludindo resultados e até o registo de assiduidade, merecem-no também.
Boa Páscoa.  

José Batista d’Ascenção

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