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Na revista «Visão» de 05 de Setembro (p. 68) refere-se que «o Professor José Pacheco defendeu que a existência de turmas era pré-histórica e fez a apologia do fim dos períodos [lectivos], dos ciclos [do ensino básico e secundário], dos testes e dos chumbos».
Segundo notícias do «Público» de 09 de Setembro (p. 2-3), no concelho de Almada (como no ano passado no município de Odivelas), todas as escolas básicas e secundárias públicas deixaram de ter três períodos lectivos e passaram a organizar o ano em dois semestres (que, quando muito, serão de quatro meses e meio cada…), porque, dizem os directores (não propriamente os professores que dão aulas), é mais vantajoso para os alunos (sendo que tais vantagens não foram reclamadas por eles nem pelos seus encarregados de educação, nem pelos professores…).
Imagem obtida aqui. |
No «Diário do Minho» de 10 de Setembro (p. 4) um director de um agrupamento de escolas básicas é referido como tendo afirmado que na sua escola «não existe indisciplina, nem existe abandono escolar e o absentismo é muito reduzido.» Estas afirmações podem ser verdadeiras em qualquer escola, desde que por disciplina se entenda que os alunos podem fazer o que querem, que não haja registo de faltas ou que as mesmas sejam apagadas e que se atribuam aos alunos classificações positivas qualquer que seja o rendimento, ainda que nulo. Porém, a realidade não deixa de ser o que é, mesmo que pincelada com as cores do desejo…
Algumas escolas mantêm aulas de 90 minutos, «inovação» que, ao tempo da sua introdução, (também) não foi sugerida pelos professores, nem pelas direcções das escolas, nem pelos encarregados de educação e era indesejada pelos alunos (pelo menos os do secundário, que se manifestaram contra). Quanto a vantagens, se existiram, não se deu por elas.
A gestão das escolas públicas depende de dois órgãos, a direcção e o conselho geral, que nem sempre se entendem, havendo casos em que se odeiam cordialmente e por vezes andam «à turra e à massa», como se fora um modo normal de acção, que aparentemente não é travado. Um só órgão devia dirigir cada escola ou conjunto de escolas e responder pelo seu desempenho. Mas hão-de passar muitos anos até alguém se convencer de que o modelo, para além da burocracia (e às vezes conflitos abertos), não trouxe nada de mais funcional ou bom para as escolas. Note-se que ninguém do interior dos estabelecimentos de ensino ou das comunidades escolares propriamente ditas reclamou a sua adopção.
Os mega-agrupamentos foram outra «inovação» que não revelou quaisquer ganhos relevantes na aprendizagem dos alunos, mas ninguém ousa fazer o levantamento dos problemas que não se resolvem e que, ao invés, se vão avolumando.
Casos como os referidos são exemplos de «inovações» curiosas (porque não se exige que cada uma seja melhor do que aquilo que substitui e frequentemente não se descortinam quaisquer ganhos para quem quer que seja) seguidas de outras «inovações» do mesmo jaez, pelas quais ninguém é responsabilizado, excepto os professores, sejam quais forem os (maus) efeitos produzidos.
E a escola pública vai derivando, correndo sérios riscos de tornar-se um recreio enganador para meninos pobres. Razões por que os professores deviam ter cuidado: e tomar registo para memória futura, já que são eles quem fica mal na fotografia.
Mas são os adultos nossos filhos e netos que vão pagar.
Será que nos perdoam?
José Batista d’Ascenção
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