sábado, 27 de junho de 2020

Melhor escola da Europa a ensinar Ciência desconsiderada nos «rankings».

Os «rankings» com base nos exames nacionais, «despromovem» a Escola Secundária de Alcanena, que, no fim do Verão passado, foi a mais bem classificada entre mil pela União Europeia
Capa do jornal «Público» de 17 de Setembro 2019
No dia 17 de Setembro de 2019, o jornal «Público» titulava a toda a largura no topo da página 18: «Escola de Alcanena é a melhor da Europa a ensinar Ciência». Em sub-título, escrevia-se: «Desde o pré-escolar que os alunos contactam com esta área e a das Tecnologias e chegam ao secundário a fazer investigação em parceria com universidades. Trabalho foi premiado por rede europeia.» Esta notícia tem chamada na capa, na parte mais visível, à direita. No seu desenvolvimento pode ler-se: «Entre as mais de 1000 escolas envolvidas, a de Alcanena foi a mais bem classificada».
Um feito, portanto.
Ora, em ordenamento do jornal «Público» de 27 de Junho de 2020, a Escola Secundária de Alcanena (ESA) surge no lugar 124º do «ranking de exames». Se especificarmos para as disciplinas de ciências, temos:
Matemática A – posição 272;
Física e Química A – posição 135;
Biologia e Geologia – posição 43.
Assim, em termos globais, de acordo com o ordenamento do «Público», há mais de uma centena de escolas secundárias em Portugal ainda melhores do que a de Alcanena, e por isso o ensino em Portugal devia estar muito bem.
Mas há, obviamente, outras possibilidades, entre as quais:
i) O prémio atribuído internacionalmente não ter sido consistente e poder ter havido algum erro de apuramento;
ii) Os exames nacionais (que têm sido feitos) não medirem as reais capacidades dos alunos [objectivamente, as provas de exame de algumas disciplinas nem sempre respeitam ou contrariam mesmo as orientações específicas taxativas dos programas, como tem acontecido no caso da disciplina de biologia e geologia];
iii) Os «rankings» feitos apenas com base em exames poderem ser artificiais e injustos.
Como não é crível que a primeira hipótese seja verosímil, dado que envolveu uma rede de muitos estabelecimentos de ensino ligados a universidades, num projecto («STEM School Label») que aposta no ensino das «Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática» (STEM), restam as outras duas, sendo que, nas condições formuladas, a terceira possibilidade é afectada pela segunda, por razões óbvias.
Assim, convinha que os jornais explicassem muito bem, como o «Público», de resto, se tem esforçado por fazer, estas desconformidades objectivas dos «rankings», os quais, em termos gerais, se têm traduzido numa degradação da imagem da «escola pública».
Pela minha parte, não tenho dúvidas de que o prémio europeu da Escola Secundária de Alcanena deve ser inteiramente merecido.

José Batista d’Ascenção

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