«Chamam-lhes aulas de substituição. Não é designação errada, perante a prática em que o que deviam ser aulas se transformou.
Os alunos não querem abordar nenhum assunto em que o professor substituto possa ser útil. Apenas três se ocupam a trabalhar, em exercícios de matemática. Os restantes procuram distrair-se com os seus telemóveis, algo ruidosos e excitados. Outros jogam em grupo, mas, sobretudo, tagarelam e agitam-se.
O professor (substituto) contempla e faz (estas) anotações. Ninguém o interpela, exceptuando os alunos que pedem para ir lá fora. Que vão e voltam com o mesmo tédio com que saíram. Ou que demoram a voltar.
A escola é isto. Foi nisto que a transformaram. Faliu, a escola pública, por se ter reduzido ao absurdo. E à indignidade.
Felizmente, uma aluna manteve-se todo o tempo a trabalhar. Honrosa excepção. Merecedora de felicitações.»
Então, o professor pediu a atenção dos jovens (de 10º ano) e leu-lhes as curtas notas anteriores, título incluído. Fez-se silêncio gélido na sala. Vários deles pediram desculpa. Alguns acrescentaram: «obrigado».
Donde se prova que não é por causa dos alunos que a escola está em colapso, nos princípios e no funcionamento.
José Batista d’Ascenção
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