Olá, Inês.
Recordo com muito carinho uma menina muito inteligente, viva, curiosa, dedicada e sensível, atenta e trabalhadora. Foi minha diligente aluna. Minha e de outros professores, que tinham sobre ela uma opinião idêntica à que eu tinha. Tinha e tenho, porque perdurou e se mantém como se fora um prémio. Prémios destes são os que, velhos professores como eu, conservam gratamente, na memória e no peito.
Uma ou outra vez, professores assim, recordam os alunos, conjeturam possibilidades sobre o seu percurso e interrogam-se sobre se foram suficientemente eficazes a estimular cada um a descobrir e desenvolver as suas aptidões. Mas, há aqueles jovens em crescimento sobre os quais não têm receios apreciáveis, tal é a riqueza humana e as capacidades que sabem que eles possuem. A Inês pertence a este grupo.
Ora, há dias, vem na minha direcção um pai extremoso, o pai daquela menina, a quem, em encontros anteriores, normalmente fugazes, sempre perguntei interessadamente por ela, antecipando as respostas próprias de todos os pais que trazem os filhos no coração, e por maioria de razão, neste caso. Nesses momentos reforcei a ideia de que ser professor tem privilégios reconfortantes e únicos. Com a vantagem de que este pai não vê desfocadas as qualidades da sua menina. Tem um tesouro e aprecia-o com enlevo e ternura tocantes. Muito justificadamente.
Acontece que a vida é cheia de contingências que escapam à nossa vontade e ao nosso domínio. A saúde é uma sorte e uma conquista, e quase sempre a parte da sorte não é extensiva a todos os domínios, nem dura o tempo todo. Por isso, querida Inês, deixo um sinal de incentivo e de confiança nesta formulação firme e clara: acreditar em todas as esperanças, sonhos, energias e capacidades, tão merecidamente reais nesta situação. As dificuldades também servem para dar têmpera, enobrecer e tornar mais merecedoras as vitórias alcançadas e a alcançar.
Muita força, Inês.
Beijinho, do antigo professor
José Batista d’Ascenção
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