Sempre, ao longo de muitos anos, senti enorme responsabilidade perante os bons alunos que tive e tenho e frustração pelos “menos bons”, que tenho e tive.
Depois da impreparação pedagógica de base que recebi na licenciatura (apesar de ter tido bons professores [também] na área de pedagogia, facto que afirmo com respeito), acentuada, dez anos anos depois, em mestrado em educação («especialização em ensino de biologia e geologia», como consta no diploma, note-se!), a realidade não fez mais que mostrar(-me), todos os dias de cada ano lectivo, que pouco sabemos e menos sabemos fazer para resolver o insucesso, que mascaramos de modos muito diversos.
E, contudo, ensinar (o que vamos fazendo cada vez menos…) é uma profissão desafiadoramente bela. Bela como poucas, suponho. E terrível, quando a douramos ilusoriamente. Que raio acontece para haver meninos de 12-13 anos, e são muitos, que nem o nome conseguem escrever sem erros? E que não percebem o que lêem, nem mesmo o que eles próprios garatujam?
Nunca imaginei que pudesse(mos) chegar ao ponto de leccionar disciplinas sem programa («as aprendizagens essenciais são uma fraude», escreveu Santana Castilho [in jornal «Público», de 08 Novembro 2023, pg.16], e eu concordo). Mas chegámos.
Inevitavelmente, os resultados mostram o que não queremos ver.
Que seja a escola pública a seguir (e impor) este trilho é (ainda) mais doloroso.
José Batista d’Ascenção
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