Cada recomeço, em cada Setembro, provoca em mim uma espécie de nervoso miudinho que não melhora com a idade. Não sei se pode ser útil (a alguém) confessá-lo, mas tenho a certeza que não é crime admiti-lo.
Gostei dos alunos e dentro em pouco entusiasmei-me. Terei sido muito palavroso (?) e não dei pelo tempo (longa hora e meia seguida de cada vez!) até escassos minutos antes do termo. Então convidei-os gratamente a descansar até à exacta hora de saída.
Este meu sentimento não se correlaciona com certas noções avançadas de aulas, que não partilho: muita excitação, às vezes balbúrdia, eventualmente com os alunos agrupados a fazer pouco e desordenadamente, ou, ao contrário, individualmente presos aos jogos em que disputam pontos para vencerem outros, seus adversários (chamam-lhe «gamificação» e há quem afirme que favorece a aprendizagem…). São os tempos.
A arte da pedagogia (que não considero uma ciência) para mim é outra: e tem que tocar os alunos, fazer-lhes vibrar as cordas do interesse e causar brilho nos olhos. Por isso, a maior parte das aulas (falo das minhas, naturalmente) causa-me dor.
A luta que me anima não é para conseguir claques de exibicionistas (as «evidências», diz-se), mas para conquistar almas. E isso é muito difícil. Cada vez mais difícil.
Mas não é impossível, às vezes acontece, tornando-se um bálsamo para todas as frustrações.
Gostava de estar à altura do que os meus alunos precisam e merecem, até porque alguns deles são maravilhosos, segundo informação recebida. Farei o possível.
Fica escrito.
José Batista d’Ascenção
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