Vai quente e seco este início de Outubro. Ditado antigo, do Alto Minho, dizia que «em Outubro pega tudo». Não é o caso agora. As temperaturas em média mais elevadas e a falta de humidade do solo não são, por enquanto, favoráveis à multiplicação das plantas em campo aberto.
Mas, tal como o ano passado, por esta altura (ver aqui), já temos bolotas para a sementeira de carvalhos alvarinho na estufa da Escola Secundária Carlos Amarante. As plantas (carvalhos, pinheiro manso e outras…) a semear em vasos serão, quando suficientemente crescidas, oferecidas a professores e alunos que as queiram plantar, com as indicações básicas dos cuidados na escolha do terreno, da época mais favorável e dos procedimentos básicos. Sobrando, serão entregues a serviços da Câmara Municipal, que as recolhem, e as distribuem ou plantam.
Portugal tem sofrido perda acentuada das suas florestas devido à tragédia dos incêndios sucessivos de cada Verão. Os topos das montanhas vão ficando desertos de coberto vegetal, com as rochas nuas expostas, e o que foi floresta passa a monocultura intensiva de espécimes como o eucalipto, que cresce rápido e proporciona algum retorno financeiro.
O problema da falta de árvores é o agravamento das condições ambientais: temperaturas em média mais elevadas, secas, ondas de calor que destroem as árvores substitutas, em idade muito inferior à que deviam alcançar, e novas plantações massivas com objectivos económicos imediatos ou... o abandono. Repetem-se ciclos que empobrecem a flora, a fauna, a beleza da paisagem, o rendimento e a disponibilidade de oxigénio. E vão aumentando os níveis de dióxido de carbono atmosférico, estímulo para novos aumentos de temperatura, ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos e desertificação do interior do país, onde, fora dos tempos festivos, animados pelos emigrantes, parece não haver futuro para as pessoas.
E as crianças e os jovens, tantos deles dependentes dos dispositivos tecnológicos, não são suficientemente educados para a importância das árvores e das florestas. Nem em casa nem na escola nem na sociedade. Precisamos quebrar esta aparente inexorabilidade.
José Batista d’Ascenção
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