Porque vejo eu tantos professores a falar da (desejada) ida para a reforma?, ou de que sentem que não aguentam e que vão meter atestado médico (ressalvando a sua pena pelos alunos)?, ou de que não entendem a pressão que sobre eles é exercida para que haja boas “notas” (independentemente de os alunos saberem ou não)?, ou de que chegam a sentir receio de circular nos corredores da escola desertos de funcionários, em horas em que o movimento é menor?, ou de que não têm tempo para preparar as suas aulas, fazer e corrigir os testes?, ou de que estão fartos de reuniões que servem para discutir tudo menos o que é importante para poderem trabalhar melhor? Enfim, porque vejo eu tantos deles desanimados e mesmo em pânico, com o presente e com o futuro?
Ontem testemunhei tudo isto, presencialmente. Mas só hoje o passo a escrito por uma questão prudencial, para não o fazer a quente, dominado pelo sentimento.
Bem sei que para quem está de fora (quem sabe se sofrendo tanto como os docentes…), uma solução fácil seria despedir sumariamente todos os professores fragilizados ou em desespero. Mas, parece-me que se os substituíssem por outros, mesmo jovens e frescos, a breve trecho eles ficariam num estado parecido ao dos que, envelhecidos e destroçados, estão em funções.
Perante tudo isto, as entidades superiores parecem dormentes…
E até alguns defensores vistosos dos professores e das escolas e dos alunos, sempre prontos a dar receitas de pedagogia, se possível vendendo uns livros (supostamente) analíticos e prescritivos, parece andarem (mais) silenciosos, o que, pela minha parte, agradeço.
Não pude evitar escrever estas linhas, de que sou (o único) responsável, referindo-me a terceiros, julgando alcançar bem a dimensão e a profundidade do que sentem e, sobretudo, antecipar as consequências disso…
José Batista d’Ascenção
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