Conheceram-se no final da semana passada os resultados da participação dos alunos das escolas portuguesas na segunda eliminatória das olimpíadas da biologia. Na escola Secundária Carlos Amarante (ESCA) – Braga, apuraram-se «para a grande final que decorrerá no dia 06 de Maio na Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro (UTAD), em Vila Real», dois alunos de 12º ano de escolaridade: a Maria Soares Marques Figueiredo Portela, reincidente nestas andanças, que o ano passado, em Setembro, foi ao Brasil e trouxe para Portugal uma medalha de prata, e o João Ricardo Alves Coelho.
Estão de parabéns, a Maria e o João e os professores que lhes têm ensinado biologia. Está igualmente de parabéns a ESCA e os professores organizadores da participação nas olimpíadas.
Na ESCA, muitos alunos têm participado com sucesso em actividades científicas diversas, por exemplo na Universidade do Minho e em encontros de robótica, de drones, etc., o que muito os enriquece, servindo também como exemplo e estímulo para os restantes. Isto é tanto mais importante quanto, a todo o momento, temos notícias de acontecimentos tristes nas escolas e fora delas, às vezes no estrangeiro…, protagonizados por alunos a quem os pais, os professores e a sociedade em geral, não foram capazes de incutir certos valores de elevação e de dignidade desejáveis… As chamadas “praxes” universitárias” são outro exemplo deplorável, e às vezes macabro, da animalidade que parece contaminar até o que deviam ser os cérebros escorreitos dos nossos alunos mais bem preparados. Atenção, sublinho o “parece”, porquanto os alunos realmente bons são injustamente metidos no caldo, quando, simplesmente, não são normalmente eles que estão envolvidos em comportamentos soezes, de que a sensibilidade e a inteligência, naturalmente, os afastam.
No caso específico da participação dos alunos da ESCA nas olimpíadas da biologia, considerando o número relativamente elevado de inscritos e os resultados que têm sido obtidos, há sério e fundamentado motivo de reflexão para matérias como a desejável adequação das provas dos exames nacionais de biologia e geologia: objectividade e clareza das questões, respeito pelo âmbito dos programas, definição de critérios de classificação, atribuição de cotações e, até, a operacionalidade do processo concreto de «correcção» dos exames (a cargo de certos professores «condenados» gratuitamente a essa função), exames cuja concepção é, aos meus olhos, altamente criticável (apesar de eu ser, desde sempre, defensor da existência de exames). E não é porque os testes das olimpíadas da biologia sejam absolutamente irrepreensíveis ou que não contenham questões que possam escapar ao definido nos programas (o que, neste caso, até se compreende, já há alunos que sabem mais, há sim senhor!), mas porque demonstram cabalmente que é possível e desejável, tanto quanto é necessário, melhorar os exames nacionais de biologia e geologia, os quais, mais que revelar que os alunos não estão preparados ou que os professores não são (suficientemente) competentes, mostram também, ou principalmente, que as pessoas e entidades responsáveis pela sua elaboração pertencem (aparentemente) a uma galáxia diferente daquela em que se situam e funcionam as escolas e os alunos.
E não havia necessidade…
José Batista d’Ascenção
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