quinta-feira, 13 de julho de 2017

Monumentos de Braga, pela arte de Domingos Araújo

A fonte do Ídolo, em Braga, por Domingos Araújo
Domingos Araújo, meu colega, que passei a sentir como amigo, professor de Física e Química da Escola Secundária Carlos Amarante (Braga), é, além de um profissional responsável e empenhado, um cidadão atento e, mais do que isso, uma pessoa com alma sensível e talentos diversos: gosta de música e canta [quando ouvi, pela sua voz, a “pedra filosofal” de Gedeão, musicada por Manuel Freire, numa sessão para alunos incentivada por outra colega professora da nossa escola e do mesmo grupo disciplinar do Domingos – a Julita Capelo, já aposentada, que ensinou com rigor e entusiasmo gerações de alunos que muito e muito bem aprenderam com ela - emocionei-me e a custo reprimi as lágrimas], organiza ou faz parte da organização de espectáculos musicais, como os de homenagem, em anos sucessivos, a esse génio canoro que foi «Zeca Afonso», nalguns casos em interligação com grupos musicais e cantores da Galiza, e faz ilustrações pela técnica do pontilhismo, usando apenas o preto, tanto quanto sei. Da sua colecção fazem parte os monumentos principais de Braga, com bela perspectiva e rigor de escala e proporção, e reproduções de figuras humanas, psico e sociologicamente impressivas, de que em tempos se fez uma exposição de grande sensibilidade e qualidade na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga.
Ora, um dia destes, o Domingos distribuía na Escola, a algumas pessoas, uma das suas obras retratando a “Fonte do Ídolo”, um monumento romano da «Bracara Augusta» do século I, e o único desses tempos que terá sobrevivido intacto até aos nossos dias. Senti-me privilegiado por também receber aquela oferta, emoldurei o quadro e pendurei-o na sala da minha casa.
Com o Domingos fico frequentemente à conversa nos tempos de intervalo ou em horas sem aulas, no bar de professores. Gosto do modo como o meu amigo fala dos alunos, da maneira como os encara e da atenção e da importância que lhes dá e das suas opiniões sobre a escola, a sociedade, a música, a literatura, a política e a arte. Há poucos meses fiquei a saber por ele mesmo que, por contagem de todo o seu tempo de serviço, após saída de normativo legal sobre a matéria, estará mais próximo da aposentação do que antes projectava. No momento, sem saber porquê, mas sem qualquer sentimento de inveja ou má vontade, fiquei triste: só a seguir dei conta de que é para mim importante vê-lo na escola e tê-lo como colega no activo, um bem que, algo egoisticamente, não me agrada perder.
Obrigado, Domingos.

José Batista d’Ascenção

Adenda: Não sei se o Domingos vai ler este texto. Se isso acontecer, ou se alguém me der conhecimento de algo menos preciso, incompleto ou inadequado nas poucas linhas que faço publicar, terei todo o gosto em proceder às necessárias emendas.

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