..."O ensino, prioritária necessidade, não ensina. Porque não quer, ou porque não sabe, ou porque não deixam. Ou porque talvez, simplesmente, tenha deixado de ser possível (se algum dia o foi) ensinar toda a gente...
Dizem-nos que a formação contínua estará lá depois para curar os males e preencher as carências, assim se insinuando, subliminarmente, que os programas e os professores da formação, só pelo facto de o serem, farão o milagre educativo que o simples trabalho escolar quotidiano não havia logrado. Os hipermercados não tomaram apenas o lugar das catedrais, eles são também as novas escolas e as novas universidades, abertas a maiores e a menores sem distinção, com a vantagem de não exigirem exames à entrada ou notas máximas, salvo aquelas que na carteira se contiverem e o cartão de crédito cobrir. O grande subministrador de educação do nosso tempo, incluindo a «cívica» e a «moral», é o hipermercado. Somos educados para clientes. E é essa a educação básica que estamos a transmitir aos nossos filhos."
Extracto da crónica «A mão que embala o berço» da revista «Visão» 253 - 22 de Janeiro de 1998.
In: «Crónicas da Visão 1993-2018, de 01 de fevereiro de 2018» [13-15 pp].
E desde então (ainda) não mudámos o ensino para melhor.
Afixado por José Batista d'Ascenção
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