Faz um ano éramos a maioria de nós e outros. À volta da mesa nos sentamos de novo. De nós, os que já estávamos, e são quase todos, sentimos a falta dos que partiram ou mudaram de escola, e já sentimos pena por quem esteve connosco este ano e pode não estar no próximo (restando sempre uma secreta esperança de que possam voltar, como ainda este ano aconteceu…), particularmente quando nos habituamos à presença disponível, serena e doce de colegas que só há meses conhecemos (não é Judite?) ou à energia e entusiasmo que já conhecíamos e de que pudemos novamente beneficiar (não é assim, Fernanda?). O Vosso lugar está, portanto, cativo, ou cada vez mais cativo, na nossa estima e na nossa consideração. Aonde quer que vos leve a profissão, em quaisquer curvas da vida, sabei que o vosso lugar está guardado com carinho na nossa recordação e na vontade de que a felicidade ou a esperança estejam sempre na dobra de cada dificuldade que vos surja. Se puderdes, correi para nós, pois mesmo que a intenção fosse pedir (alguma) ajuda, provavelmente seríamos nós a sentirmo-nos ajudados (muito mais do que podeis imaginar). E se não houvesse essa intenção, provavelmente ainda nos ajudaríeis mais, porque mais valorizada ficaria a relação que, para todos os efeitos, nos une. Recebei por isso o nosso singelo e sincero obrigado.
O tempo passa, deixando cicatrizes, mas também a memória de momentos bonitos que vivemos juntos, que sempre os há. São difíceis os dias que passam e já foi mais entusiasmante a nossa profissão. Mas sabemos que isso não acontece porque tenhamos «envelhecido» mal ou porque as dores do corpo e da alma se tornaram mais frequentes, e muito menos porque deixámos de tentar ser profissionais aplicados e dignos e disponíveis para os (nossos) alunos (e até para os que não foram nem são nossos alunos e que às vezes, bem aflitos, nos procuram). São apenas sinais dos tempos, que indicam, afinal, que o nosso papel é ainda mais necessário e fundamental. E quanto mais difícil o nosso papel se tornar (o que, de todo, dispensaríamos), maior será a nobreza de o desempenhar, seja isso reconhecido ou não (e algum dia o será, embora nenhum de nós vá retirar daí qualquer benefício pessoal). Em consequência, temos que amparar-nos cada vez mais (em sentido simbólico e real). Caminhando juntos tiraremos as pedras do caminho, seja a nossa vez de avançar ou de outro qualquer e partilharemos a dor de alguma ferida que não tenha sido possível evitar, assim como celebraremos todos até as mais pequeninas vitórias de cada um. Quanto mais vivermos em festa mais fáceis nos parecerão os obstáculos e maior será o nosso ânimo para prosseguir. Donde, que não nos falte a vontade de nos irmos juntando como agora para confraternizarmos, ficarmos mais unidos e mutuamente nos apoiarmos (obrigado, Cristina Soares, por teres isso tão presente e cuidares com tanto carinho de concretizar oportunidades como esta).
Temos o privilégio de trabalhar numa escola de liberdade, onde cada um (aluno, funcionário ou professor) pode ser igual a si próprio sem receio, onde a democracia é um facto e se pratica a fraternidade. Estas divisas fabulosas são-no mais ainda na ESCA porque nem precisam de constar em qualquer regulamento. Será, então, perfeita a nossa Escola? Claro que não, nem nós pretendemos que seja, porque o paraíso é etéreo e não terreno. Essa condição obriga-nos a burilar arestas constantemente e a constantemente prestarmos atenção a nós próprios e aos outros. Cada dia que passa precisamos mais de ajuda e de nos ajudarmos. É isso mesmo que também fazemos neste momento. E que havemos de fazer cada vez mais. Porque merecemos.
Com gratidão.
Um abraço imenso.
José Batista d’Ascenção.
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