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Passadas semanas e dias já podemos pronunciar-nos com algum conhecimento de causa sobre o «ensino à distância» que vamos praticando (ou tentando praticar). Não está a ser fácil para alunos, para professores e para as famílias dos estudantes. A situação, de todo inesperada, obrigou a este recurso, em exclusivo, e ninguém estava preparado.
Os factores limitativos são vários, e entre eles:
- impreparação «digital» de um grande número de professores;
- limitação de recursos das famílias: falta de computadores portáteis, por exemplo nos casos de pais com vários filhos em idade escolar; mas também em casas em que o acesso à rede é feito sobretudo por telemóveis e menos por computador; para além de situações de carência que não permitem ter computador nem acesso à rede e, eventualmente…, nem casa;
- acesso à rede comprometido ou com falhas, por dificuldades económicas que não permitem melhores contratos com as operadoras (com mais velocidade e mais tráfego) ou limitação dos dispositivos mais antigos ou de mais baixa gama;
- a pressa (talvez excessiva) com que pretendemos a todo o tempo leccionar todos os conteúdos, «despejando» material (apresentações, fichas, trabalhos…) sobre os alunos;
- a possível tendência para, com tempos curtos e em número diminuído, relativamente às aulas presenciais, de «actividades síncronas» (tempos que não podiam ser muitos nem muito longos, claro), confundir ensino à distância com a auto-aprendizagem dos alunos, baseada em dicas e sugestões remotas;
- e alguma falta de segurança (e de conhecimento de como se consegue), o que deu azo a acções de pirataria informática (que deviam ter sido previstas e… acauteladas).
Hoje, à tarde, dediquei-me a ver uma «tele-aula» de História para meninos de sétimo e oitavo anos, em que, em 30 minutos, se pretendia explicar a evolução dos sistemas políticos, das ideias e das fronteiras na Europa entre os séculos V e XVIII. A mestra bem se esforçou, como eu me esforcei de manhã, em função idêntica. Duvido que tenha tido grande eficácia. Ela como eu. Gostaria de estar enganado.
É certo que vamos colher ensinamentos da situação pedagógica que estamos a viver. E aprender é positivo.
Creio, porém, que a melhor lição a tirar será talvez a de que é preciso sempre um professor perto de quem aprende.
Não sendo assim, não há professor.
José Batista da Ascenção
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