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Prolonga-se nos jornais, pela caneta dos mais conhecidos articulistas portugueses, o clamor sobre o "ensino da cidadania” nas escolas. Como de costume, os nossos pensadores teóricos aprofundam um tema e trocam entre si referências favoráveis ou depreciativas, directa ou indirectamente, em simultâneo com a indiferença abúlica que a respectiva matéria merece no quotidiano escolar.
Este apontamento não pretende ser um lamento nem uma crítica sobre a realidade em questão, dentro e fora das escolas. De modo muito resumido, e porque o tema permanece, com alguma exaltação, na agenda social das elites jornalísticas, pretende apenas deixar registo de que a cidadania não é tanto uma matéria que se ensina, mas mais algo que se pratica, sujeito a princípios, critérios e consequências, por forma a dar-se o exemplo a crianças e jovens. E depois de se dar o exemplo, certos comportamentos de cidadania devem ser exigidos em conformidade.
Naturalmente, no que respeita a sentimentos e intimidade, à família cabe, por direito, o primeiro papel, e não deve a escola intrometer-se indevidamente naquilo em que a diversidade de opiniões entre professores e entre os cidadãos redunda facilmente em conflito, particularmente quando choca com a vontade legítima dos pais ou outros encarregados de educação. Dito isto, tem que salvaguardar-se, obviamente, a aprendizagem dos conteúdos históricos e científicos que a escola não pode (fingir) ignorar.
A fim de que a acção da escola não se descredibilize no mesmo grau e de modo similar ao que acontece no exercício da política e da governação em tantos países e lugares, até surgirem, por eleição democrática (eventualmente sujeita a batota), líderes que envergonham (ou deviam envergonhar) a evolução das sociedades. Porque me parece que estas coisas estão relacionadas.
José Batista d’Ascenção
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