Tendo-me chegado pelos CTT dois «packs» de manuais e materiais inerentes (de 7º ano), que agora se chamam «projetos», com vista à adopção para o próximo ano lectivo e seguintes, impressiona-me a quantidade de instrumentos, na sua abrangência, profundidade, variedade e completude. Os colegas autores realizam um trabalho que se me afigura violentamente exigente.
A nível do 10º ano de escolaridade, face aos programas (de biologia e geologia) existentes, e ao tipo de exames nacionais que têm sido feitos, outras dificuldades se me deparam, as quais não abordarei aqui, porque são extensas e também porque (ainda?) não tenho em mão as novas propostas (em papel) dos ditos «projectos».
Num dos «packs» recebidos, detive-me numa parte que baptizaram de «gamificação». O conceito, que explora a importância do jogo em pedagogia, está na moda. Será uma inovação?
Lembrei-me do livrinho «Da Educação», de Almeida Garret, impresso em 1829 (fac-símile editado pelo jornal «PÚBLICO»), e fui reler, nas páginas 76-77: «Não sou grande apaixonado por um methodo de ensino que tem prevalecido pela Europa e que tanto recomendou Madame de Genlis – fallo do ensino primario por meio de brincos e bonitos. Digo que não sou apaixonado do excesso a que se tem levado, porque usado com moderação e prudencia, póde ter bons resultados.»
Partilho da opinião. Quem está no activo (leia-se: os professores que dão aulas) esfalfa-se no uso de metodologias salvíficas que (supostamente) vão ao encontro da motivação das crianças, e que, no final, (nos) fazem passar frustrantemente ao lado. Depois, em vez de reconhecermos que falhámos, tendemos a gabar as opções tomadas e infla(ciona)mos as classificações para compor estatísticas (amiúde caseirinhas).
Que importam lá constatações como esta: «Com base nos resultados do PISA de 2018, as reformas do ensino e o aumento da despesa na educação não garantiram “uma melhoria real nos níveis de desempenho dos estudantes” nos últimos 20 anos sem covid-19.» [in: jornal «Público» de 05 de Abril de 2021, pg 14. Últimas linhas do artigo intitulado «Professores prioritários para vacina em dois terços dos países da OCDE», da autoria de Ana Dias Cordeiro.]
Como as crianças não nascem estragadas, e como o conhecimento tem beleza intrínseca, creio que continuamos a “nadar” na educação e ensino de meninas e meninos, que eu admito que, com demasiada frequência, talvez achem os adultos bastante… infantis.
José Batista d’Ascenção
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