terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

A propósito da escola de hoje e da intimidação que nela (tantas vezes todos os dias) se vive

Anteontem, Domingo, lia um pequeno escrito de Ademar Costa, no jornal «Público», que versava (em português claro e límpido) sobre essa coisa do bullying nas escolas. O simplismo do texto, seguramente devido ao espaço exíguo a que se limitava, causou-me desconforto. E, de uma penada, reagi, também eu sujeito ao mesmo condicionalismo da quantidade de palavras permitidas, que o jornal hoje publica. Ei-las:


Intimidação nas escolas

Larvar ou explícita, a intimidação vexatória (bullying) existiu nas escolas que frequentei, como aluno, antes, em tempo de ditadura e de democracia, e como professor, até hoje.

E não se deve apenas nem principalmente à falta de auxiliares. Nem tem como vítimas somente os alunos. Há problemas muito mais complexos: a indisciplina mal (ou nem sequer) assumida na escola (que se quer) democrática; a desresponsabilização dos pais (que já frequentaram o mesmo tipo de escola); a desvalorização legal, institucional e social dos professores, que deviam ser mais do que (fracos) agentes de entretenimento de meninos, que fazem (mais ou menos) o que querem - veja-se a importância “pedagógica” com que se apela à e se propõe a chamada “gamificação” (até com formação creditada); o facilitismo e o demissionismo que se instalou, travestidos de sucesso; o não registo ou a justificação de muitas faltas para camuflar situações de baixa frequência ou abandono; etc.

Por outro lado, as más influências da “internet” não justificam tudo, já os fracassos da educação explicam muito. 

Sobra(-me) ainda a certeza de que muitos “doutores” de hoje são agressores de ontem.

Para que conste.


José Batista da Ascenção.

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