A escola em que presto trabalho (em “regime de dedicação exclusiva”) debate-se, como muitas outras, com falta de funcionários. Desde há uma dúzia de anos, cada funcionário que se aposentou ou que faleceu - e alguns morreram relativamente novos - não foi substituído. E os que, connosco, vieram trabalhar temporariamente tiveram de sair quando já estavam entrosados e eram maximamente úteis. Bem sabemos que o estado da economia do país é anémico e que a dívida pública tem dimensões gigantescas relativamente à nossa produtividade. Assim mesmo, sectores como a educação, a saúde e a justiça (se funcionasse) deviam ser objecto de grande atenção, pela importância que não podem deixar de ter em qualquer país que se queira minimamente organizado e capaz de projectar o futuro. Até porque não faltam sectores onde o rigor dos cortes podia ter sido mais efectivo, a começar pela diminuição do número de deputados – não acredito que a ciência política e a matemática não consigam boa proporcionalidade com um número significativamente menor de representantes dos partidos, digo, do povo, ainda para mais quando muitos deles votam segundo as ordens que recebem - e pelas despesas que se fazem na assembleia da república, nos gabinetes dos governos e das autarquias e com os gestores de instituições e empresas públicas. E não aceito que me venham com as lérias do populismo e da demagogia. Basta ver o tipo e a abundância de carros em que tantas “excelências” se fazem passear, digo, transportar…
Voltando à escola, hoje: na minha estavam ao serviço, segundo ouvi, pouco mais de meia dúzia de funcionários, cerca de um terço do total. Assim, mesmo, porque os nossos alunos são quase todos do ensino secundário, as aulas foram correndo, embora com muitas limitações na circulação dos alunos, na vigilância dos espaços, nos serviços de reprografia/papelaria, bar e assistência aos professores, sobretudo nas aulas laboratoriais… Mas as duas escolas mais próximas da minha, ambas com ensino básico até ao nono ano, não tiveram outro remédio senão fechar.
E como fica triste e pouco operativa uma escola sem os funcionários suficientes… Não falando nos riscos que se correm, particularmente com alunos mais novos ou mais desprotegidos.
A luta dos funcionários das escolas justifica-se. Ainda por cima ganham tão pouco!
José Batista d’Ascenção
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