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Sob o pretexto de uma desejada “cultura da excelência”, a qual, tanto quanto parece, não é intrínseca aos hábitos das gentes lusitanas, desde as origens da portugalidade, passámos há poucos anos (duas décadas?) a encher a boca com a necessidade da dita cultura e a copiar (mal) ou a inventar “modelos de avaliação”, de tal modo que as preocupações profissionais passaram a centrar-se mais nos requisitos formais da “coisa” do que no rigor e na qualidade daquilo que quotidianamente se faz, no desempenho das mais diversas profissões.
Seria interessante contrastar as avaliações dos agentes da justiça com a lentidão com que decorrem os processos, as taxas da sua conclusão e os reparos dos tribunais internacionais ou outras organizações supra-nacionais credíveis.
Teria interesse investigar o tipo de formação a que os professores do ensino básico e secundário têm sido sujeitos e o contributo dessa formação para a melhoria efectiva da aprendizagem dos alunos. As menções avaliativas de cada acção em si mesma, em termos gerais, serão curiosas, e talvez afaguem o ego de professores mais atreitos à ilusão, porém, uma vez cumpridas as horas exigidas está o efeito legal conseguido, sem que as classificações em si mesmas mereçam grande credibilidade… Já a formação de base dos professores e o ingresso na profissão deviam merecer cuidado especial, mas não se vislumbra movimento social, político ou académico que, face ao que existe, o reivindique. Em desconformidade, chega a parecer que qualquer professor pode ensinar qualquer coisa, independentemente da sua formação.
A segurança social é um mundo complexo, de funcionamento difícil de compreender pelos simples mortais, mormente os que se vejam em situação de necessidade.
O sistema de saúde é servido por médicos e enfermeiros de categoria, mas a gestão e a organização deixam muito a desejar e a saúde dos portugueses, que, felizmente, já têm vidas longas, também. Em consequência, os que são pobres quase vivem para sofrer, particularmente a partir do início da terceira idade. Quem e o quê precisa de ser avaliado?
No mundo das empresas ou do desporto ou da vida em comum, a impressão que se tem é que valem mais as influências e o contorno das leis e das regras do que o seu cumprimento. Quem avalia o quê e de que modo? E como se resolve?
Sobre tudo (ou em obediência a interesses mais poderosos) reina a política. E essa, atenta às eleições, atribui-lhes funções avaliativas à maneira de sentenças de tribunal, mesmo que nas eleições internas dos partidos os seus próprios membros, frequentemente, as não considerem isentas.
Indubitavelmente, excelentes são muitos dos portugueses que trabalham em países estrangeiros democráticos, integrados em sistemas de gestão, de coordenação e de avaliação que não são como os nossos.
Por cá, se as nossas avaliações fossem credíveis, tenderíamos a ser “excelentíssimos”.
José Batista d’Ascenção
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