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Década após década, algo que nunca me foi particularmente agradável era a estridência de uma campainha a chamar para o início de cada aula ou a anunciar o seu fim. No meu inconsciente, nunca venci a preocupação prévia com cada lição, a qual, felizmente, sempre se desvaneceu momentos depois de a começar. Somado a esse factor havia sempre o desconforto de um tilintar a fazer-me sentir um desamparado “cão de Pavlov”, eu que, regra geral, sofro de incapacidade de chegar atrasado, característica que pode não ser do agrado de muito boa gente.
A este respeito, o meu amigo Zé Precioso, no início da década de noventa do fim do milénio anterior, costumava dividir as pessoas em três categorias: os “hiperpontuais” (em que me situava a mim e ao nosso colega Luís Dourado, no curso que então frequentávamos), os “isopontuais” (como se definia a si próprio) e os “hipopontuais” (condição que aplicava a boa parte dos restantes colegas do mesmo curso).
Ora, por causa do conveniente desencontro das diferentes turmas no espaço escolar, optou-se na minha escola, e bem, por estipular criteriosamente os vários horários e calar a campainha, a fim de evitar a perturbação e a confusão que poderiam resultar da frequência dos toques.
Para alívio e surpresa da minha parte, desde logo me pareceu que, quer os professores, quer os alunos, quer os funcionários, cumpriam muito bem os respectivos horários sem necessidade da chocalheira habitual.
Foi um agradável ensinamento: os portugueses são muito capazes de respeitar os relógios. E eu, com a minha fraca audição, vi desaparecer um aspecto do meu trabalho que nunca me agradou. E que gostava que não fosse recuperado, quando as vacinas (já faltam poucos meses!) nos libertarem dos receios e dos constrangimentos actuais.
Até lá.
Por agora, e antes disso: Um Natal com saúde.
José Batista d’Ascenção
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