sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Os meus desejos profissionais para 2021 e daí em diante

Imagem colhida aqui.

No sistema de ensino, a que pertenço desde 1984, quase nada nunca mudou para melhor. Até as tecnologias digitais, que deviam facilitar as tarefas de todos e resolver muitos problemas, se tornaram motivo para mais burocracias, complicações e dependências. Não que as ferramentas, em si, não sejam excelentes e cada vez melhores. O uso que fazemos delas é que não tem sido nem é o mais eficaz.

Suponho que a “máquina” do ministério da educação, intrinsecamente perra, os órgãos conexos e os institutos relacionados funcionam mais para se manterem (e darem ocupação a quem lá tem os seus lugares) do que para aprendermos com os erros, incidirmos no que precisa correcção, eliminarmos vícios, colmatarmos falhas e atacarmos os problemas de solução possível.

Muito para além de suplantarmos a actual pandemia, eu gostaria que:

- a formação inicial dos candidatos a docentes fosse exigente em matéria científica e não inculcasse “princípios” e procedimentos pedagógicos que a ciência não comprova;

- a selecção de professores fosse criteriosa e só pudessem entrar na docência pessoas de alta valia ética e profissional;

- a avaliação dos docentes englobasse as suas condições de saúde, especialmente a saúde psicológica, e não fosse uma caricatura sem coerência nem rigor nem dignidade, como se verifica actualmente;

- os programas (de algumas disciplinas, por exemplo a parte de biologia da disciplina de biologia e geologia de 10º ano) fossem revistos, por ou sob supervisão de especialistas das áreas científicas de craveira internacional;

- os exames fossem elaborados em respeito e na observância do estipulado nos programas, que tivessem coerência entre si, em anos sucessivos, e que não fossem concebidos para que os alunos obtenham (ou não) determinadas classificações;

- que se estude a discrepância manifesta entre as classificações internas das escolas nas disciplinas em que há exames nacionais (por exemplo de biologia e geologia de 11º ano) e as classificações internas das disciplinas (das mesmas escolas) em que não há provas nacionais (por exemplo de biologia de 12º ano; análise extensível a outras disciplinas optativas no 12º, como psicologia, física ou química) e se assuma o que se está a passar: nisto, não há inspecção nem algum “IAVE” que dê por nada?;

- que eu ensinasse para preparar alunos em vez de ser um funcionário ao serviço do “funil” de ingresso no ensino superior, treinando jovens para saltarem a barreira dos questionários, tantas vezes obtusos, do IAVE;

- que se passe a respeitar o que determina o estatuto da carreira docente relativamente às horas de redução da componente lectiva dos professores com mais anos de serviço (artigo 79º), por só pode ser ilegal  (e humilhante) obrigar estes professores a substituírem outros nas suas faltas, já que tal função não é mais que serviço lectivo;

- e que os professores sejam libertos de funções burocráticas, porquanto, se são professores, o seu papel deve ser ensinar os alunos.

São muitos desejos, que deviam ser fáceis de alcançar. Mas no nosso "sistema educativo” nunca nada foi fácil, sobretudo quando o devia e podia ser.

Bom Ano, especialmente no que depende de nós. 

José Batista d’Ascenção

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