quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Actividade lectiva aos tropeções

Imagem obtida aqui.

Esta manhã apliquei um teste em papel, feito presencialmente. Há alunos retidos em casa que não o puderam fazer e houve quem o fizesse sem ter estado presencialmente em várias das aulas anteriores.

Como está frio e chuva e as janelas são de grandes dimensões (± 1,5 m de largura por ± 1,4 m de altura), com as dobradiças na base, sem possibilidade de variar o grau de abertura (ou estão abertas ou fechadas), tivemos que as ter cerradas. Para permitir algum arejamento, deixámos a porta aberta. Contudo, na sala oposta decorria uma aula de matemática, também com a porta escancarada. Como a voz clara, nítida e alta da professora não permitia o silêncio desejável, fechámos também a porta, por algum tempo. Um pequeno contratempo, ou grande, se der origem a que mais alunos tenham que ficar em isolamento profilático (ou o professor, neste caso, eu).

As aulas têm decorrido com várias restrições, sendo que umas vezes não estão uns alunos e outras vezes não estão outros. Em vários casos falta(ra)m as turmas inteiras. Por isso, tem-se recorrido a aulas à distância, que não resultam, nem de perto. Quando todos os alunos de uma turma estão em casa, muitos deles não prestam qualquer atenção, nem sempre por culpa própria… E quando alguns alunos assistem à distância às aulas presenciais dos restantes, ouvindo a voz do professor e vendo a sua cara ou as imagens que projecta, mas sem divisar o que se escreve no quadro, por exemplo, o aproveitamento também fica muito limitado (e para que isto se consiga é preciso salas com equipamento, designadamente câmaras, o que nem sempre existe).

Não é pois verdade que o primeiro período tenha decorrido com normalidade.

Entretanto, a situação sanitária do país agrava-se de modo preocupante, o que vai provavelmente obrigar o governo a fechar as escolas, coisa que já devia ter feito. Em consequência, os prejuízos para as aprendizagens vão acentua-se. E como estes prejuízos se somam aos do ano lectivo anterior e não são homogéneos sequer entre os alunos da mesma escola, quanto mais entre os de escolas diferentes, a feitura de exames nacionais, o seu desenho, a sua equidade, a sua justiça, a sua credibilidade e a sua boa utilidade perdem-se em grande medida. Os do ano passado já foram demasiadamente afectados por esses males.

Donde, se o fundamental é que os alunos aprendam e se seria lógico que ingressassem no ensino superior em função das suas habilitações (os «filtros» de entrada são outra matéria, que devia caber principalmente às instituições respectivas, as quais estão a tempo de os preparar), parece-me que os exames nacionais de Junho-Julho deviam ser suspensos e que essas semanas deviam servir para prolongar o ensino presencial.

Não faz sentido que o actual sistema de acesso ao ensino superior (leia-se, exames) se constitua como mais um de muitos obstáculos a uma melhor preparação dos alunos (e não apenas pelos motivos indicados).

José Batista d’Ascenção

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