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Já na segunda metade do século XIX, propôs-se um terceiro reino, para além de animais e plantas, onde se englobavam todos os seres vivos conhecidos nem claramente animais nem vegetais. Esse novo reino, de abrangência variável, segundo diferentes autores, foi designado, já no século XX, Reino Protista.
Após o grande avanço técnico que permitiu a invenção do microscópio electrónico, entendeu-se que, sendo tão grandes as diferenças entre células procarióticas (identificadas desde 1878, por Haeckel) e eucarióticas, devia criar-se um novo reino que incluísse todos os seres procariontes, (todos os tipos de bactérias) - e foi aceite o Reino Monera.
Em 1969, Whittaker propôs um novo reino para incluir os fungos (cogumelos, bolores, leveduras), seres eucariontes com importantes características distintivas. Segundo Whittaker, passaria a haver cinco reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia. Devido a dificuldades várias com a distribuição em reinos de muitos seres eucariontes, Whittaker modificou os seus próprios critérios. Por exemplo, para não separar as algas verdes, que incluem formas unicelulares, coloniais e multicelulares, por dois reinos, propôs que se incluíssem no Reino Protista os seres multicelulares sem apreciável diferenciação de tecidos. Os fungos flagelados foram também “puxados” para o mesmo reino.
À classificação em reinos de Whittaker, situada no tempo, e já desactualizada, sucederam-se muitas outras classificações de outros autores, com novos dados, mas os seus critérios conservam interesse, coerência e alguma simplicidade, pelo que se mantêm no programa. Esses critérios base são:
A estrutura e organização celular: Seres procariontes unicelulares ou coloniais (Reino Monera). Seres eucariontes unicelulares, coloniais ou multicelulares com diferenciação reduzida (Reino Protista). Seres eucariontes multicelulares com células uninucleadas, com cloroplastos e paredes celulares celulósicas (Reinos Plantae) e sem paredes celulares nem cloroplastos (Reino Animalia). Seres eucariontes com paredes celulares quitinosas, sem cloroplastos (Reino Fungi).
O tipo de nutrição:
Por absorção de nutrientes a partir do ambiente: parte dos seres do reino Monera, alguns do reino Protista e todos os do reino Fungi;
Por autotrofia, particularmente a fotossíntese: as bactérias autotróficas, os seres autotróficos do reino Protista, designadamente as algas (unicelulares, coloniais e pluricelulares) e todas as plantas;
Por ingestão do alimento (matéria orgânica) para o interior do corpo, onde vai ser digerido e assimilado. Este modo de nutrição encontra-se em alguns protistas e é característico de todos os animais (que derivaram de formas antigas de seres daquele tipo por evolução).
O papel desempenhado nos ecossistemas (traduzido nas posições que os diferentes seres vivos ocupam nas cadeias alimentares):
Seres produtores: são todos os que produzem o seu alimento (matéria orgânica) a partir de matéria mineral (inorgânica). Dizem-se, por isso, autotróficos. O principal processo de autotrofia é a fotossíntese. Pela fotossíntese, na presença de luz, água e dióxido de carbono são usados pelos seres com clorofila para produzirem compostos orgânicos como a glucose. Nesse processo, liberta-se um resíduo que é o oxigénio gasoso. Quimicamente, o processo é o seguinte:
6CO2 + 6H2O -------> C6H12O6 + 6O2
Seres macroconsumidores: São todos os seres vivos que precisam de ingerir matéria orgânica (alimento), obtida dos seres vivos que consomem. Dizem-se, por isso, heterotróficos (por ingestão).
Seres decompositores ou microconsumidores: São todos os seres vivos, como as bactérias heterotróficas e os fungos, que absorvem matéria orgânica digerida extracorporalmente, e a transformam em matéria mineral que devolvem ao meio ambiente, onde fica disponível para os produtores.
José Batista d’Ascenção
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